(Atualizada às 17h40)
O dia vai ser bem longo, de frente ao possível impedimento da presidente Dilma Roussef (PT), ou melhor, o rumo incerto que o país tomaria a partir daí. Essas preocupações afligem o setor cultural que tem se manifestado massivamente no dia de hoje, especialmente a partir de uma iminente fusão ou extinção do Ministério da Cultura. Se depender dos profissionais ligados à área, você vai ver muito a hashtag #FicaMinc.
Artistas mato-grossenses já se manifestam em campanha. O secretário adjunto municipal de Cultura, José Paulo Traven, a propósito realçou a gravidade da situação ao postar em seu perfil no Facebook, o Manifesto Contra o Fim do Ministério da Cultura, lançado pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais de Cultura das Capitais e Regiões Metropolitanas.
“Lançamos esse manifesto para a sociedade brasileira para que não haja um retrocesso para o setor da cultura no Brasil. Fundir o Minc com o Ministério da Educação nos causa uma grande preocupação que certamente terá consequências muito diretas para todos que atuam com a economia criativa em nosso país”, declaram os secretários. Traven é secretário-geral da entidade.
Mais tarde, o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura também se posicionou. “O Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes de Cultura vem a público manifestar-se de forma contrária à fusão do Ministério da Cultura com qualquer outro Ministério. Entendemos que o Ministério da Cultura é uma conquista da sociedade brasileira e que a perda de autonomia ou representatividade significaria um grande retrocesso”. Encabeça as assinaturas do documento, o secretário de Estado de Cultura de Mato Grosso, Leandro Carvalho, que também é presidente do fórum.
Outras iniciativas combativas vêm sendo empenhadas, como o ato simbólico pedindo a continuidade da pasta que foi realizado por artistas nesta terça-feira (10) em Brasília de frente ao Ministério – o “abraçasso” -, além de abaixo-assinados que pipocam pela rede.
A coordenadora do teatro do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Maria Mariguela, declarou ao Mídia Ninja que “defender o Ministério da Cultura é defender um desenvolvimento civilizatório que protege os direitos progressistas de toda a população. Uma nação soberana não se desenvolve sem a presença forte da cultura”.
As reformas ministeriais prometidas pelo vice-presidente Michel Temer, podem estagnar profundamente o segmento e impactar fortemente a produção artística. Bem sabemos que a democratização do acesso à cultura proporciona a formação de cidadãos mais lúcidos e críticos. Com a possível extinção ou fusão do Ministério da Cultura, certamente haverá a redução de investimentos no setor que já possui um dos menores orçamentos e consequentemente, de iniciativas. Isso deve incidir nas esferas estadual e municipal.
Alguns críticos enxergam o fato, como uma manobra para conter o pensamento crítico, que costuma ser muito mais aguçado entre artistas e profissionais ligados à cultura. No blog Farofafá, de Jotabê Medeiros, o jornalista prevê um futuro duvidoso.
“Dessa vez, não se trata de escolher um nome de consenso, ou um notável, ou um diplomata do ritmo. Por isso, a ideia da extinção do MinC num hipotético governo Temer me soa tão mais plausível – não haverá trégua para um usurpador, então será meio óbvio que acabar logo com essa faixa de mediação social será o mais prudente a se fazer. Minha previsão, em caso de êxito desse golpe de Estado, é que não haverá mais MinC nem projeto cultural, apenas um gap do tamanho de um governo Fernando Collor. Ou maior, pelo tamanho da fissura”.
Aguardemos cenas dos próximos capítulos. O que sabemos até agora, é que vai ter luta em favor da autonomia do Minc.
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Confira o Manifesto do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais de Cultura das Capitais e Regiões Metropolitanas: