Por Yasmin Nobre

A noção de ser negra é uma divisão de águas na vida das pessoas.

Porque ser negro é ter uma marca de dor e alegria;

Alegria originária dos povos africanos, um povo festivo, inteligente e trabalhador.

Dor, processo de sequestro desse povo, exploração e demonização de sua cultura, realizado pelos europeus.

20 de novembro é um dia que eu acordo com um nó na garganta e uma vontade enorme de gritar sobre todas as coisas que eu sei relacionada ao processo de escravidão e seus desdobramentos na história do Brasil, das Américas.

Ter consciência negra é um processo difícil, doloroso e emancipador!

Ter consciência negra é conseguir se libertar de falácias de colonizadores a respeito de quem sou, de quem somos.

É amar quem sou; honrar quem sou, é transmitir uma história de luta e vitória.

Quando me vejo negra, me vejo.

A população brasileira costuma negar sua negritude buscando um processo de branqueamento, tentando desesperadamente se encaixar em um padrão de humano “ideal”.

A ideia de humano ideal, difundida pelos homens brancos europeus colonizadores, a ideia de sociedade civilizada propagada por homens que roubavam, matavam, estupravam e praticavam todo tipo de violência.

O ideal de humano que se vende para a população que sofreu a violência da colonização é a pior ideia de humano que existe, mas como a escravidão acabou de forma “legal” e não consciente, ainda existe gente que se ofende ao se ver negro.

Declaro: Sou mulher negra! Isso afeta todas as minhas relações sociais, o mundo que conheço para ser entendido precisa de uma consciência negra.

Preciso de minha história, preciso de minha geografia, preciso de minha filosofia para compreender essa dimensão imensa que ocupo na sociedade, quando sou mulher negra.

Consciência negra é um caminho enorme para nós brasileiros que somos AMEFRICANOS (Lélia Gonzales), mas buscamos negar isso a qualquer custo, porque em grande maioria da sociedade brasileira a consciência que existe é a do colonizador.

20 de novembro é um dia importante para concentramos nossas forças e lutar por um Brasil que consegue se ver de verdade.

Yasmin Nobre é Mestre em filosofia (Epistemóloga feminista)

Comentário

  1. Disseminar conhecimentos precisos e reais é o desafio dessa e das próximas gerações. Trazer a verdade e aceitar é um processo trabalhoso, mas honroso. Parabéns pelo texto reflexivo. = : )

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