Gosto de me lembrar do Ricardo, o Guilherme Dicke, no documentário Cerimônias do Esquecimento: “Um povo sem literatura é um povo sem alma!” Faço uma emenda, é de onde emana o suprassumo da criação e do exercício pleno da imaginação. Para recriar mundos, criar histórias, cutucar os sentimentos do mundo com a vara longa capaz de tocar ínfimos espaços e infinitos campos da criatividade dos humanos.
Produzir eventos culturais por aqui nunca foi fácil, mas ao persistir, a galera que produz a Flic merece toda a força que possamos empreender para fazer isso ficar mais robusto, que o rebento cresça, apareça e se fortaleça. Precisamos disso. Precisamos de resistência e criatividade, interatividade, olho no olho e imaginações a mil, fervilhando em busca do melhor ângulo para uma cena, das melhores histórias que possamos escrever. Dizem que tradição é uma construção. Passa por ideologias? Pode ser. Mas fazer festa com o livro no centro do palco é bacana demais. E olha que terá apresentações com a literatura oralizada, vide Azuila, galera da poesia rap que brota a mil das ruas, histórias contadas, a literatura pensada, falada, debatida, esmiuçada por gente que tem estudado nossa produção literária. É muita coisa!
Tem gente que reclama das famigeradas panelas, isso é parte do jogo, eu diria, aqui e em qualquer lugar. São muitas as associações de pessoas com interesses de grupos, mas isso é normal; tem os legítimos (oficiais) e os marginais, isso acontece em qualquer lugar e em qualquer tempo; tem de tudo isso, o que já é um baita sinal de que a coisa está crescendo, onde tem rusga tem motivação, onde tem (des)conforto intelectual tem a oficialidade pra amparar isso, em qualquer época, onde tem um herói, tem um bundão e assim caminhamos com letras boas e ruins, mas isso é normal, os gigantes sempre estarão ali fazendo sombra; onde tem sertão tem o clichezão (aos olhares estudiosos) do genial Guimarães Rosa e a sombra maldita do amigo Ricardo G. Dicke; se tem literatura tem comparação, tem reparação, os malditos que se acalmem, chegará o seu momento histórico, normalmente post mortem, mas sempre foi assim.
2ª FLIC
Como parte do calendário oficial da programação cultural de Chapada dos Guimarães, a 2ª FLIC contará com estandes de livrarias e editoras de Mato Grosso e lançamentos de títulos literários mato-grossenses, nacionais e internacionais, espaços de vivência para a família, oficinas, e bate-papos com escritores e críticos literários de renome. O consagrado autor angolano Pepetela é o homenageado desta edição, e apresentará uma palestra especial no dia 12 de maio, às 19h, no Palco Principal do evento, tendo Angola e a literatura africana como eixo temático da 2ª FLIC. O escritor imortal Ivens Cuiabano Scaff, reconhecido poeta, cronista e autor de livros infantis, é o homenageado entre os escritores de Mato Grosso.
A segunda edição da Festa Literária de Chapada dos Guimarães é uma iniciativa do Instituto de Estudos Socioculturais (IESC) e do Instituto Cultural América (INCA), com a parceria e o apoio do editor mato-grossense, Ramon Carlini. O Governo do Estado de Mato Grosso patrocina a iniciativa por meio da Secretaria Estadual de Educação, Esporte e Lazer. A Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães, a Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães e a Assembleia Legislativa de Mato Grosso são parceiros institucionais.
SERVIÇO
O QUÊ: 2ª FLIC – Festa Literária de Chapada dos Guimarães
QUANDO: 12 de maio a partir de 18h e 13 de maio a partir de 9h
ONDE: Praça Dom Wunibaldo e Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães
QUANTO: Gratuito
INFORMAÇÕES: 65 3314 14 50 | 65 9 9614 9409