É instigante descobrir as boas coisas que vêm sendo feitas nos interiores de Mato Grosso. Em Mirassol d’Oeste, um grupo de jovens músicos e produtores culturais se uniu depois de uma festa caseira que fizeram no carnaval, o Carna Rock, e decidiram produzir um festival de rock que neste ano já vai para a terceira edição.
É o 3º Rock’N Roça que, segundo um dos organizadores, Carlos Victor, “a região tem uma galera que curte rock e não tem espaço. No ano passado esperávamos 70 a 75 pessoas, era o segundo ano do festival, e ficamos surpresos com a quantidade de público presente, mais de 250 pessoas.” Superar a expectativa de público, triplicando as previsões mais otimistas turbinou ainda mais a vontade de continuar fazendo.
O Carlos e o Ricardo Bigatini, que organizam juntos o evento, com mais alguns colaboradores e parceiros, deixam evidente o descaso com a produção cultural em praticamente todos os municípios brasileiros. “Estamos fazendo tudo pelo movimento mesmo, mas em busca ainda de alguns patrocínios”. Todo mundo reclama, em todos os lugares é a mesma toada, quase um mantra a se repetir, não temos apoio!
Mas as pessoas de um modo geral continuam a fazer, e isso é o que torna a cultura como parte vital de qualquer lugar, qualquer cidade, qualquer território. O negócio é a rapaziada mesmo fazer as coisas, criar espaços de sobrevivência e lazer, enfim fazer com que as cidades fiquem interessantes, a despeito de apoio institucional ou qualquer outra coisa. Tem mais é que se mexer e assumir o “faça você mesmo, não fique aí parado, tá esperando o quê?”.
Isso não tira a responsabilidade daqueles que ocupam os espaços públicos institucionais, não os exime de fazerem sua parte. Comerciantes, empresários, profissionais liberais, todos podem dar suas contrapartidas e contribuir para a formação cultural das cidades de Mato Grosso e do Brasil.
A gente vê esses movimentos surgindo, nos mais diversos lugares e fica animado com a perspectiva de uma grande mudança no perfil dos mato-grossenses. Uma saudável novidade vai agitando os espaços urbanos e criando suas próprias alternativas de diversão, de encontros, de vivências. Carlos dá o tom: “Nada mais justo que ir atrás do movimento que te alegra, não é?”.
E os movimentos não param de crescer, em Sinop, Rondonópolis, Barra do Garças, Cáceres, Mirassol, …, são lugares que estão criando seus próprios espaços para se manifestar, para expressar suas criações e linguagens em um permanente diálogo com o mundo, com o universal. Cada aldeia se colocando como expressão, na música de todo lugar, na poesia, na linguagem visual, nas conexões que se estabelecem.
Duas bandas de Mirassol, Froid’s e a Two Times; uma banda de São José dos Quatro Marcos, a Alta Voltagem; de Cáceres, O Mormaço Severino; de Cuiabá, Cinema de Pedra, fazem a festa na terceira edição do Rock’n Roça de Mirassol d’Oeste, que acontece no dia 9 de julho, a partir das 10 da noite, e no dia 10 a partir das 9 da noite, na Chácara do Escondido.
Uma das novidades que eles incrementaram no festival foi agregar a cerveja artesanal, La Breja, produzida por eles mesmos, e que agradou em cheio ao público presente. Um bom caminho para os produtores independentes talvez seja gerar outros produtos e agregar valor econômico trazendo mais autonomia para os movimentos. Tem que se encontrar uma maneira de sustentar toda essa movimentação, gerar recursos para bancar uma estrutura que profissionalize e dê condições para que os artistas e produtores gerem suas próprias demandas. Que se deem conta e sejam autossustentáveis como dizem os arautos das modinhas.
Muito obrigado Eduardo Ferreira pela matéria, tenho muito orgulho de poder fazer parte desse movimento com meus amigos e perceber que estamos caminhando na direção certa, sempre agregando valores a nossa cultura e perceber que essa expressão pela qual somos apaixonados esta cresendo cada vez mais. Muito obrigado mesmo pelo prestigio. Principalmente o Ricardo e Carlos são os grandes anfitriões disso tudo, e tenho maior orgulho de dizer, a minha galera é foda.
o nosso papel é animar, divulgar, debater, refletir sobre as coisas que vêm sendo feitas em nosso Mato Grosso, no Brasil e no mundo. tudo está em conexão. tmj.