Por Sika*

Já se imaginou em um campo lindo cheio de pessoas felizes e seminuas, cantando as melhores músicas que você já escutou na vida? Ou simplesmente se sentir livre para fazer o que quiser, sem se preocupar com o pré-julgamento da sociedade e das mazelas deste mundão doido? Parece até um sonho, mas para mim foi realidade.

Nestes cinco dias de carnaval tive a oportunidade de ir na 20ª edição do Psicodália. Festival independente que acontece todos os anos na cidade de Rio Negrinho-SC. Com uma line-up que, digamos, PERFEITA, o festival é o que podemos chamar de ‘Woodstock brasileiro’, com direito a banhos de lama, amor livre e liberdade de expressão.

17211942_1288028554619857_1399029866974385131_o

Esta é segunda vez que vou ao festival. E sempre quando me perguntam, costumo dizer que as pessoas não só vão para assistir a shows, beber e se divertir, mas para vivenciar uma experiência única na vida em um evento que é pensado com total sensibilidade, desde o descarte do lixo à comida feita. Mas, principalmente, por ter um público envolvente, que não só curte as apresentações, como também participa ativamente de cada uma delas.

17157522_1288059797950066_5589730032488214869_o

A Chegada

Era sexta-feira à tarde quando chegamos ‘de mala e cuia’ em busca do nosso lugar perfeito no camping. A Fazenda Evaristo (local onde acontece o festival) é dividida em seis campings contemplados pela mata de araucárias e pinhais por todo espaço.

Levantamos o nosso acampamento e colocamos uma bandeira de identificação com o brasão da ‘Confraria da Palpitaria’ (nome do nosso grupo de amigos) com um Cuiabá-MT de complemento. Todos que passavam gritavam nossa cidade. Deu um sentimento de orgulho, até porque estávamos há centenas de quilômetros de distância daqui.

whatsapp-image-2017-03-21-at-16-01-23

Com as barracas armadas, ficamos também preparados para chuva. Como fica localizado no sul em que conhecemos, é bem comum que chova (muitas vezes forte) durante os dias de carnaval. Mas vocês acham que isso atrapalha em algo? Que nada! Levando o equipamento certo para o acampamento e buscando o espírito do lugar, podemos nos virar muito bem!

17157426_1288048897951156_6586837011560065226_o

O lugar era grandioso, os palcos cobertos, gramados extensos e muita comida e bebida. Por meio do ‘dália’, a moeda local utilizada através de um cartão, podíamos consumir tudo que quisermos. O que pegou mesmo foram as filas que, neste ano, deixaram a desejar. Mas que não ofuscou o brilho do festival.

Apresentações

Se você se sente esquisito por ter gostos diferentes, mas que acha o máximo quando encontra pessoas que se identifique por isso, este é o lugar certo. Confesso que tentei me segurar para não ir este ano por ter ido no ano anterior. Mas após ver a confirmação da dupla Sá & Guarabyra, não me contive.

17097719_1285463528209693_1497318517003493353_o

Além deles, tivemos os mais conhecidos Ney Matogrosso, Céu, Di Melo, Metá Metá, Erasmo Carlos, Liniker, Cabruêra, a argentina Perota Chingó, Casa das Máquinas, entre outros. Também as descobertas maravilhosas como a psicodelia do Ian Ramil, Grand Bazar, Francisco el Hombre (esse eu estava doida para ver), a curitibana Central Sistema de Som com a participação especialíssima de Gerson King Combo e Cátia de França, uma senhorinha paraibana que nos trouxe seu maravilhoso ritmo local.

Esta última em especial, gostaria de destacar a emoção que a mesma sentiu ao apresentar no Psicodália. Ao fim do show, ela começou a chorar de emoção, pois não tinha visto um público tão grande e evolvente em um show dela. Foi arrepiante!

17097192_1285456974877015_5198983274748143885_o

E não poderia deixar de citar as duas bandas, que são presença confirmada há anos no festival. A Confraria da Costa e Bandinha Di Da Dó, grupo pirata e de clowns, respectivamente. Com sons bem peculiares, as músicas de ambas as bandas levam o público à loucura. E em meios aos moshes, empurrões e corpos se embaralhando, tive a coragem de me jogar no público. Foi uma troca de energia sem igual!

Além dos shows

As atividades não paravam e ficava sem fazer nada quem quisesse. Tinha trilha para cachoeira, banho na lagoa (para quem é adepto ao naturalismo, é uma boa pedida!), tirolesa, feirinha, massagem, yoga, apresentações espontâneas, teatro, cinema e, pasmem, recreação para crianças. Sim! Tinha gente de toda idade curtindo esse Woodstock!

17212147_1285460128210033_873730830669999134_o

O festival é tão agregado, que tem lá suas singularidades. Durante os cinco dias pode-se ouvir vários WAGNEEEER em um ‘eco’ sem fim. A lenda se fez quando um grupo de amigos, nas edições anteriores do evento, começaram a procurar o tal que estava perdido na fazenda. Com o chamamento, todos se motivaram a ajudar o mesmo grupo. Assim, se fez a tradição. E ela é tão forte que, quem foi ao Psicodália, pode gritar o nome onde for para reconhecer quem já embarcou nestes dias de festa. Hilário!

Com tudo isso, acho que o que mais nos divertiu de verdade foi a discotecagem da Rádio Kombi. Seja o ritmo caribenho, funk, brasileiro e até mesmo o balcan (algo como música árabe), a dança era garantida com muitos pulos, trenzinhos, abraços e muito mais.

17157536_1285456774877035_7288031370943608116_o

Mas devo dizer que a noite latina foi a mais marcante. No mesmo dia que o show do Ney Matogrosso, todo mundo estava extasiado (como todos os dias) com as apresentações. Até que, de repente, o tom da música muda. Começa a tocar ‘Sangue Latino’ do Secos e Molhados. Cantamos com toda a força possível, como se não houvesse o amanhã. Mas o que quebrou de verdade foi a música seguinte: ‘Fala’. Literalmente ‘nos abraçamos e choramos muito’. Momento inesquecível.

Adeus

Carnaval intenso em todos os momentos naquela fazenda. Lugar onde você respira arte o tempo todo e pode ser o que é, sem se preocupar com quem está ao lado. Uma sensação maravilhosa de felicidade, dentro de uma energia sem tamanho.

Ter contato com o que há de bom na música brasileira, os movimentos, as novas inspirações e a possibilidade de curtir junto toda essa energia emanada foi sensacional. Confesso que tento me desvencilhar, para curtir outros carnavais, mas é tentador. Sinceramente, mal vejo a hora para as próximas batidas carnavalescas naquele lugar.

whatsapp-image-2017-03-21-at-16-03-01

Por mais lugares assim, como o ‘Dália’.

*Sika é jornalista, arteira e gosta de passear por aí

2 Comentários

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here