A literatura nos desperta para outros mundos, múltiplas imagens, sentidos e histórias que ganham vida em nossa mente. Eu li o livro e também vi o filme há muitos anos atrás. Na terça-feira passada fui ao Cine Teatro para novamente mergulhar na obra densa de Vladmir Nabokov Lolita na adaptação ao cinema pelo diretor Stanley Kubrick.
O filme é de 1962 em preto e branco e perturbador, desperta um riso nervoso, uma espécie de tragicomédia. O livro é ainda mais denso. Nabokov ia atear fogo em seus manuscritos no quintal de casa em 1950. Sua esposa Vera os salvou.
Antes da exibição do filme uma breve apresentação sobre o Ciclo Stanley Kubrick que acontece no Cine Teatro em Cuiabá até o mês de maio. O diretor ficou famoso pelas adaptações literárias. Os filmes exibidos renascem das páginas dos livros para a tela do cinema.
A próxima sessão (28/03) traz Dr. Fantástico (1964). O filme que deveria ser suspense foi transformado em uma comédia. É baseado em um livro sobre a Guerra Fria “Red Alert” de Peter George. Uma guerra nuclear acidental ganha contornos de uma sátira exagerada em referência às loucuras que aconteceram na disputa entre russos e norte-americanos.
Depois (04/04) será a vez do clássico/cult Laranja Mecânica (1971), baseado no romance de Anthony Burgess, em que o diretor substitui o final do livro por um desfecho pessimista. O filme é de uma natureza violenta que contrasta com as cenas criadas por Kubrick para dar a dimensão da perturbação de uma época, das diferenças sociais.
Outro clássico da literatura adaptado para as telas é Barry Lyndon (1975) que será exibido na sessão do dia 11/04. Na sua releitura do livro “As memórias de Barry Lyndon” de William Makepeace Thackeray, Kubrick transformou o protagonista em um personagem trágico.
O Iluminado (1980) de Stephen King também foi para as telas pelas mãos de Kubrick. Apesar de algumas diferenças do final do livro para o filme, a releitura me agradou. Já vi o filme inúmeras vezes e li o livro depois do contato com Kubrick. Ambos enchem os olhos. E para mim, é uma das melhores atuações de Jack Nicholson. Vale a pena ver esse clássico do terror psicológico nas telonas do cinema. Será exibido no dia 18/04.
No dia 25/04 é a vez de Nascido Para Matar (1987). O filme potencializou a narrativa realista do livro de memórias “The Short-Times”, do veterano da Guerra do Vietnã Gustav Hasford.
De Olhos Bem Fechados (1999), inspirado no freudiano “Breve Romance de Sonho“ de Arthur Schnitzler será exibido 02/05. Esse não é um dos mais aclamados filmes do diretor, porém, tenho essas cenas do baile de máscaras na mente e pretendo rever no cinema as interpretações de Tom Cruise e Nicole Kidman.
Para encerrar o Ciclo Kubrick o último a ser exibido é o documentário Stanley Kubrick: Imagens de uma vida (09/05). Com depoimentos de Steven Spielberg, Jack Nicholson, Malcom McDowell, Peter Ustinov, Martin Scorcese, Nicole Kidman, Sydney Pollack, Tom Cruise, Woody Allen, familiares e amigos, o filme retrata a vida do cineasta através destas pessoas.
O primeiro filme do Ciclo, foi 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968) inspirado no conto A Sentinela, de Artur C. Clark. Enfim, a seleção de Kubrick garante um espaço importante para o cinema, principalmente em uma como Cuiabá em que os cidadãos precisam se mobilizar para exibirem filmes nacionais, pois as únicas opções são os blockbusters produzidos em massa por Hollywood.
As sessões acontecem todas as terças-feiras, às 19h, com entrada no valor de R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).
