Gosto muito de uma boa conversa. Bati um papo numa entrevista para o Cidadão Cultura com a compositora e cantora Tulipa Ruiz antes do show que ela fez na Arena Pantanal no projeto Vem pra Arena. Tudo muito rápido. A produtora nervosa pela proximidade da hora do show tascou: “Você tem cinco minutos, desculpe, mas está em cima da hora!”. Tudo bem, respondi. Confesso que apavorei. Caraca, tinha preparado um papo mais amplo, investigar sua vida, sua trajetória, o papel da música e da cultura para a formação do povo brasileiro, suas origens, a influência de seu pai em sua carreira, seu irmão, músicos em família, o pai, fera, toca na banda Isca de Polícia, acompanhou e gravou com Itamar Assumpção, o irmão guitarrista e produtor de seus shows, a cena musical brasileira com as mulheres tomando de assalto a novíssima cena em que rompe com a tradição das vozes femininas que sempre se destacaram como intérpretes, ela diz com um ar de satisfação: “A diferença é que agora as mulheres, além de intérpretes estão compondo e isso é muito bom!”. Quero saber da influência que os prêmios trouxeram para sua carreira: “Ganhar o Grammy Latino é uma coisa definitiva, marca a carreira da gente, em todos os lugares onde vou essa pergunta é recorrente.” E o show que você vai fazer aqui na Arena Pantanal, qual a expectativa? “É a primeira vez que vou tocar em Cuiabá, estou super feliz. Minha família é daqui, sabia? A família Chagas…”. Que legal, sequer imaginava. Tulipa, a cultura é um fator de transformação do povo brasileiro? “Com certeza, esse é o nosso grande legado!”
Em dezembro de 2008 decidiu sair da Agência de Comunicação em que trabalhava para ficar três meses compondo com o irmão e ilustrando. Então foi convidada para o Festival da Trama, no Teatro Oficina.
Fez seu primeiro show solo em 2009 no Teatro Oficina, depois, Prata da Casa no SESC Pompéia, colecionando elogios da crítica, inclusive do conceituado produtor musical Nelson Motta e gravou seu primeiro disco: Efêmera.
Efêmera saiu no final de maio de 2010 e rapidamente conquistou a crítica e público. Suas canções foram descritas como “sutis e poeticamente diretas, cheias de arranjos simples e melodias doces e circulares embaladas pela voz única de Tulipa” pelo site Vírgula. Ela passa a ser considerada por muitos, um dos grandes destaques da nova geração de cantoras brasileiras.
Tulipa ganhou espaço no cenário musical brasileiro. Fez uma temporada com Marcelo Jeneci e já cantou com cantoras como Zélia Duncan. Tem em seu primeiro álbum participações de Tiê, Anelis Assumpção, Donatinho, Kassin, Thalma de Freitas, Juliana Kehl, Céu e Mariana Aydar.
Construiu o que chama de “pop florestal” – metade de São Paulo, metade de Minas Gerais, com composições próprias, do pai e do irmão, o guitarrista Gustavo Ruiz.
Em 2015 Tulipa Ruiz lançou sem terceiro álbum de estúdio intitulado Dancê, no qual se baseia num som pop mais dançante. O álbum foi indicado ao Grammy Latino e saiu vencedor na categoria de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro.