Tem pessoas que tem o dom de manter a sua integridade ao longo da vida acima de qualquer suspeita. A dignidade fica ali, estampada na face que mesmo com o passar dos anos, e talvez por isso mesmo, consegue resistir às facilidades que o mundo oferece para se cair na tentação de se perder nos meandros de si mesmo. Para mim, uma dessas pessoas é o músico, compositor e militante político e cultural, Job Menezes. Companheiro de velha data, tive o prazer de compartilhar com ele recentemente a memória de alguns dos bons momentos de nossas vidas, desde os anos de 1980.
Nossos filhos se encontraram no presente: fiquei feliz de observar minhas filhas, Carol e Marianna Marimon, comandando uma entrevista para o Cidadão Cultura com a banda Boogarins que está fazendo um sucesso sólido na música autoral brasileira e que vem alcançando geografias internacionais, vide Europa e EUA. O baterista da banda é o cuiabano Inayã, filho do Job, uma fera do ritmo, foi batera do Macaco Bong por muitos anos. Não podia ser diferente, está no DNA, nossos filhos seguem o fluxo. Abrimos espaços que a juventude vem ocupando com muito talento e competência.
Uma das muitas histórias que ficaram marcadas em minhas lembranças dos anos 80, aconteceu em Jaciara, num evento maluco, influência direta do Rock in Rio que abriu a janela dos mega festivais de rock viralizando Brasil afora. Dito e feito, criaram o Rock in Jaciara. Fomos convidados. Na época, a banda Caximir tocava bastante por aí, o Job Menezes também, lá fomos nós para mais uma aventura. Alguns músicos foram duramente repreendidos pela polícia. Por causa de um simples baseado levaram porrada e foram detidos, além de nos ameaçarem. Foi quando o Job tomou a frente da gurizada e encarou os policiais. Prontamente foi agredido com um murro que o tirou do chão, ele era bem magrinho, e ao reagirmos os policiais, destemperados, sacaram as armas e nos mantiveram à distância com as armas em punho apontadas para nós. Ele foi detido e levado para a delegacia, seguimos em bloco para lá e fincamos os pés até que fosse liberado. A coordenação do evento deu uma força com a professora Maria das Graças interferindo e assumindo a responsabilidade, ela era da Secretaria de Educação do estado. Enfim, o evento foi cancelado, ficamos ilhados no hotel, foi um rolo danado. Um bando de cabeludos roqueiros no hotel como reféns até que se resolvesse a pendência. No fim saímos frustrados, mas vivos! Mas a figura do Job encarando a guarda policial ficou marcada, pela ousadia e coragem dele, tomando a frente para nos proteger e protestando contra o abuso da autoridade dos caras.
Tocamos também em um festival de praia em Barra do Garças, outro escândalo. Virou uma disputa ali na boca do palco para decidir quem tocaria antes do show do Almir Sater. A disputa envolvia o Job Menezes, Adriângelo Antunes, Divino Arbuês, Eudes e Candinho, e não sei quem mais. Por fim, escolheram a banda Caximir. Iniciamos o show com dois atores nus, um casal, atravessando a frente do palco, de ponta a ponta, era um belo fim de tarde na beira do rio Araguaia, o lugar lotado. Ao ver a cena, os organizadores correram para desligar o som, rolava um instrumental rock progressivo, com a guitarra do Capileh Charbel cortando a tarde com suas harmonias melodiosas, acompanhado do teclado, contrabaixo e bateria, um lindo som e uma cena radical, (por que o nu incomoda tanto???). O show foi um sucesso. No dia seguinte saiu estampado na manchete do caderno de cultura do Diário da Manhã em Goiânia, (acho que era esse o nome do jornal) um dos maiores de lá: Nudez e maconha no Festival do Araguaia. Lá estávamos nós escandalizando mais uma vez!
Ao encontrar o Job esses dias em Cuiabá, as lembranças vieram atropelando minha mente. Ele tocou no Tori bar, ali na Estrada do Moinho, point da galera do Pc do B, Miranda, Ronaldo Muniz, Brás Rubson, Pablo, Ana Flávia, estavam todos lá numa mesa com vários outros companheiros, apreciando a boa música que emanava do violão e da voz de Job Menezes. Foi um reencontro que suscitou essas memórias e ao mesmo tempo confirmou o que eu já sabia: Job Menezes é um grande cara! Bateu saudade, parecia que os anos 80 foram ontem.
cara que massa você ter encontrado o Job, onde esse maravilhoso tá morando?…Grande Job Menezes e seu vozeirão inconfundível, Saudades longas desse período…
cara que massa você ter encontrado o Job, onde esse maravilhoso tá morando?…Grande Job Menezes e seu vozeirão inconfundível, Saudades longas desse período…
Ele está em Vila Velha ES, Balbino
eu tava nessa..saimos correndo de lá..foi um sufoco..aconteceu cada uma nesse Mato Grosso…mas a gente depois rachava o bico de rir..
só vi o poeirão subindo..pensei..ih fucking man..vazar!!
Sim, Pauleh, foi um choque de cultura urbana para Jaciara, além da capacidade da polícia local em assimilar a liberdade da galera roqueira kkkkkkkk