E aí, Antônio, tudo bem? Como é que tá por aí?
Rapaz, que falta você nos faz…
Tô tentando escrever esse texto há anos. Já escrevi pro Dicke, Chico Amorim, meu avô Pedro Ferreira, e outros mais, amigos, parentes, enfim, pessoas que mexem com nossas emoções. De todos os mortos queridos, você foi o que mais me assombrou. Demorei a superar o baque.
Meu irmão, sua morte foi um golpe para nós hermanos da estrada de vida. Sua presença era tão bacana, gostava de jogar xadrez, lembra que insisti até que você aprendeu? Caramba, acho que você não ganhou de mim. Uma vez? Verdade, uma vez, aqui em casa. Lembrei-me. E, olha, não deixei não, você ganhou por mérito, fiquei orgulhoso aquele dia, afinal eu havia te ensinado, sua vitória para mim foi a glória do professor (risos risos risos).
Cara, não consigo explicar esse vazio. Nossa amizade-cumplicidade universal começou com tanta simplicidade, naquela palestra na Ufmt sobre Poesia Marginal, por uma poeta do Rio de Janeiro. Fui com o tio João Antônio Neto, sumidade de poeta aqui de Mato Grosso, acadêmico, mas dos bons, (sempre tiramos uma onda na Academia de Letras, recorda?) ao final da palestra você subiu lá na frente e sapecou um poema, (contenda chinesa: o camarada Mao/puxou o cabelo de Teng Miao/que miou de dor…em socorro de Miao/chegou Shan Pao/baixando o pau/na cabeça de Mao/que caiu…chin…chin…chin…gan…do…), foi uma explosão de risos e fiquei louco quando te ouvi, falei com meu tio, quem é esse? -Ah! É um menino aí, estudante de letras, poeta…mas Antônio era incompreendido essa época, não fora reconhecido ainda. Era marginalizado, escanteado.
Me alugava com isso, ríamos muito.
Sempre achei difícil esse orifício, escrever sobre o Sodré, nunca me senti preparado, acho que nunca estarei, mas agora com esse evento que o Kleber inventou, não posso me esconder mais. SHOWDRÉ, o Kleber ficava dizendo que seu sonho era produzir um show total com o Sodré total (cuiabaratotal). Tá aí, dia 19, hoje, aniversário de morte. Acho bacana comemorar a morte celebrando a vida.
Os ensaios foram fantásticos, uma celebração catártica, provocaram reencontros, amizades quase esquecidas se reaquecendo, é, você conhecia muita gente, sua banquinha de livros usados – o sebo do Sodré – na Ufmt foi point por onde passaram muitas pessoas, estudantes, professores, desocupados, os velhos amigos poetas e músicos do Caximir, lá falávamos de tudo, fazíamos som, jogávamos xadrez, ora quietos, entre uma venda de livro e outra, enfim, a memória voa.
Serviço
O Que: Tributo ao poeta, compositor e artista plástico Antônio Sodré, El Pueta de La Transmutación, com músicos amigos e da banda Caximir. Música, poesia, exposição de fotos, jornais de época e desenhos do poeta.
Quando: Segunda-feira, dia 19 de fevereiro às 19h30
Onde: Casa Cuiabana, General Valle, bairro Bandeirantes (próximo ao Pronto Socorro)
Que lindo! Derramarei lágrimas. Sodré o poeta do Boa.
o rock do macarrão é massa…é massa!! que matéria massa..só Dudu poderia escrever. passa vicki vaporubi…passa vicki vaporubi… pra sará!! tamo junto.
esperando as fotos, vídeos e reportagem do show,merece uma cobertura monstro.