Por Glauber Lauria*
I
triste
um golpe das Parcas atravessa a linha
Fúrias fiam o fim
gregos segredos
Perséfone grita
Hades em mim
II
tétrico e tântrico
Tánatos se anuncia enfim
Vênus Anadiômena
furta de Diana as setas
Eros as assestará em servos
que cegos como Tirésias
vaticinam de Édipo o fim
III
dorme a hecatombe
em urna marmórea
Faetonte abrasa a terra
IV
aedos histriônicos
de hábitos pantagruélicos
clamam por Petrônio
V
não se fie em Afrodite
a beleza é efemeride
VI
vibra e silva a Sibila
só o destino dos homens
é que oscila
VII
o oráculo de Delfos anuncia
serás tua própria ruína
VIII
nada espera dos deuses
tudo à ti confia
a Grécia é como um ídolo
que em silêncio respira
IX
se Virgílio à Dante guia
é ao Inferno que o envia
X
Leda, cheia de cisma
se entrega a um cisne
Dânae, cheia de dúvida
com ouro se engana
XI
se cego e mendigo Homero era
salve o vinho que a tudo inebria
XII
em desarmonia eterna
queima a pira
aos deuses tudo incita
aos homens tudo entedia
XIII
guirlandas de flores
disfarçam as faces
pelo coito/gozo violentadas
XIV
Sísifo rola a pedra
Hércules é perseguido por Hera
quem era Hécuba,
Circe, Calíope, Minerva?
*Glauber Lauria é poeta mato-grossense e mora no mundo. Nascido em 1982, publicou de forma independente o livro Jardim das Rosas em Caos, já participou de três antologias em diferentes estados brasileiros e possui poemas publicados nos seguintes periódicos Sina, Acre, Fagulha, Grifo, Expresso Araguaia e A Semana.
Porra, muito bom! Até reli pra absorver melhor.
Legal.