Por Fábio Pinheiro*

 

o espeto não foi

de carne

não tinha flores

no espeto

não tinha esporos

a chama lambeu

o vazio

nem bicho tinha

tava tudo morto, cidade

 

eu disse pro Glauber

eu disse pra Valquíria

que nada sobrava

na cinza da páscoa

só as folhas

de alumínio

um reflexo baço,

distorcido

nunca havido

 

a esperança surgiu e

você fez dela brinquedo

de corda

enquanto eu te dizia:

“vc tem que ler Rubem

Fonseca”

Valquíria me mordia a

batata da perna

e o calcanhar

o meu osso

e você evadia

 

escrevo pra ti

meu osso

que no jejum tua

mandíbula é banquete

mas não nua

ardilosa

fescenina voraz

mesmo silenciosa.

 

*Fabio Pinheiro é poeta, professor e cidadão do mundo, daqui até Hades

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