Solidez em solidão, o dia correu com amargura vagarosa. E depois de um sentimento pálido como o término de uma vida e que me acompanhou insistentemente durante as horas, meus olhos semicerrados escorregam em letras que surgem do escuro e, pelo mais improvável encaixe cósmico, me pegam de repente em meio à escuridão que me engole e ao som do silêncio da água corrente. Trancado no centro de um infinito particular, assisto ao curta-metragem NADA, de Thales de Mendonça.

Uma mistura de resgates em termos de figurino, trilha sonora e atuação que constroem suspense a partir de uma gama muito boa de escolas e gêneros, e que flutua na busca pelo vazio, num vácuo angustiante do início ao fim, pelo menos aos pobres olhos de alguém que não lê críticas e decide escrever uma. To tentando.

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Figurino e maquiagem soturnos, exagerados, que me levaram inevitavelmente ao expressionismo alemão e que em nada devem aos bons clássicos dos anos 20. Da mesma forma, locação e fotografia fundiram-se com o mesmo ideal, respeitaram-se, dançaram também. A ambientação estava pronta. Quem controla o outro? O espaço ou o comportamento? Pressão exercida ao longo do filme numa tensão que rapidamente o desloca (e nos desloca também) da realidade, explora diferentes tipos de montagem e dessa forma recusa qualquer tipo de rótulo, nega veementemente o tempo, a duração e o espaço, e abdica de qualquer purismo estúpido em nome de um ideal maior que é a sensação. Toques interessantíssimos e às vezes cômicos surgem como flechas lançadas pelo surrealismo de Buñuel e Man Ray e transformam o filme em outra coisa que eu ainda não sei definir.

O nome, tampouco.

Preste atenção nos textos e entretextos. Pois NADA me faz sentir diferente do que eu sentia.

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