Por Raul Fortes*

Os textos bíblicos apontam que “No princípio era o VERBO”. Esse verbo é a palavra, que torna possível que as coisas aconteçam. Como as palavras ditas ecoam por meio de ondas sonoras, lá estavam no princípio que, de forma imutável, permaneceria até nossos dias em forma de comunicação: o som.

Se outrora dependíamos dos livros para imortalizar a palavra, antes grafadas em tábuas sumerianas com escritas cuneiformes e também nos papiros egípcios, com o passar do tempo e as novas tecnologias surgidas, tivemos a possibilidade de ouvir as palavras emitidas por seus próprios emissores graças à chegada do fonógrafo de Thomas Edson, em 1876. Parte dessas pérolas foi extraída das aulas do Mestre Abel Santos, no Curso de Música da UFMT (bons tempos de Academia…), e hoje me inspiraram a escrever sobre o passo além-fonógrafo: a transmissão das vozes e melodias através dessa invenção que iria trazer ao mundo as ondas de RÁDIO.

Notável descoberta do final do século XIX, por alguns atribuída ao italiano Marconi e também atribuída ao gaúcho Padre Landell. Independente das controvérsias sobre quem fez essa maravilhosa descoberta, o mundo tornou-se diferente depois dela. Estava inaugurada a Era das transmissões de Rádio. Os mais distantes pontos do planeta poderiam receber notícias e ouvir canções através das ondas curtas. Um momento ímpar na história das comunicações, tão necessárias para interligar a humanidade.

O Brasil, que havia presenciado ainda em 1892 o Padre Landell transmitir e captar sons com uma válvula de três eletródios, em 1912 veria o surgimento da Estação Radiotelegráfica de Amaralina, em Salvador. O tempo passou e as terras do Centro-Oeste brasileiro captaram as ondas de rádio através da instalação da Rádio Voz do Oeste, em 1934.  Essa rádio traria para o povo de Mato Grosso as programações das rádios e influências do Rio de Janeiro. Na atualidade, não se concebe sequer um metro de chão onde não se tenha contato com o que ocorre pelo mundo em tempo real.

As ondas do rádio abriram as portas para transformações que hoje impactam diretamente em nossas vidas e possibilitam que variados tipos de informações cheguem ao público. Durante minha trajetória profissional, tenho tido a oportunidade de colaborar nesse processo comunicativo, difundindo informações e entretenimento por meio dos três programas de rádio que apresento no momento: Programa Disse me Disse e Capital no Samba (ambos na Rádio Capital – 101,1 FM) e o Programa Ficha Técnica, na Rádio Assembleia, 89,5 FM.

Essas experiências me mostram como o rádio, apesar de todas as mudanças e novas tecnologias, ainda é um veículo de comunicação com lugar especial na vida dos brasileiros. Por muito tempo continuaremos surfando nessas mágicas ondas que, aliadas à tecnologia da imagem, nos concedem o privilégio de ao menos tentar mostrar para o resto do mundo os nossos sons, nossos timbres e outras cantorias que entram e saem daqui. Se estão ou não divulgando nossas raízes, depende da “Onda” do momento e é assunto que poderemos um dia abordar aqui. Talvez sim, talvez não.

 

Raul Fortes é radialista, músico, apresentador de TV, pesquisador, cronista, 
produtor cultural e faz mais uma penca de coisas.

 

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