Sem máscara, sinto-me nu
Sem rua, sinto-me livre
Sem o outro, sinto-me multidão
Seres aos milhões brotam dos cantos claros da casa
Seres invisíveis até então
Somos assim
Um pouco de cada vez
Um pouco em cada canto do olho
As capturas mínimas, a vida minimalista
Encantos e desencantos, apenas, em diferentes proporções
É outro tempo
Percepções acuradas para o estado mínimo
Um menino a brincar de desvios
Risco um desenho
Arrisco um poema
Trisco a viola
Arisca companheira
Que quando quer
Desafina
Impressões de um dia mais calmo
Pós tempestades neurais
De uma adaptação
Que é de todos
Tão difícil como passar em luto
Sem poder encaminhar
O cadáver, festivo velório
Onde se fala bem e mal dos mortos
Brinca faz piada
Reza e chora
Que a morte ainda assombra
Na real, a gente ri
De nervoso
A infecunda pose do corpo
Com as mãos em riste
Aponta direções
Para onde
Nada sabemos
Nossa Senhora das Flores,
Mirós e Picassos
Repousam
Sobre a mesa
O vinho
A morte
A gentileza
Novos tempos
Para uma velha (des)humanidade
Não acredito em permanências
Muito menos que essa porra
Mude para melhor
(o impasse da Metronecrópole)
Ai, que lindo! (Sim, não é o adjetivo mais adequado, mas é…)