Por Paulo de Tarso
Nascido no dia 10 de novembro de 1928, em Roma, o maestro Ennio Morricone, foi e será uma das maiores personalidades da música não só sinfônica, mas a música como expressão de cultura e relacionamento entre as artes.
Filho de trompetista, se formou no Conservatório de Santa Cecilia, uma das mais importantes escolas de música da Itália e concorrida em toda a Europa.
Foi o maior criador de músicas para o cinema, afirmou, seu grande admirador, Pier Paulo Pasolini. Morricone, em seus 91 anos e carreira, deu sons e vida à mais de 500 trilhas sonoras para o cinema e televisão.
Por ironia, o prêmio mais famoso da indústria cinematográfica, o Oscar, foi o último a reconhecer sua inestimável contribuição à sétima arte. Em 2016, ele, finalmente, conquistou o prêmio que faltava, pela trilha sonora do filme, “Os oito odiados”, mais uma de suas parcerias com o diretor norte americano, Quentin Tarantino, que o chamava de Mozart das trilhas.
Formado em trompete em 1940, tornou-se arranjador de estúdio para a RCA Victor e, em 1955, começou escrever para cinema e teatro. Outra de suas virtudes, era passear pela música pop criando sucessos para Paul Anka, Zucherro e principalmente para seu grande amigo, Andrea Bocelli. Em 1960 ganhou fama internacional ao compor músicas para filmes de faroeste que se tornaram marcas registradas de Ennio que conseguiu juntar o erudito e o popular sempre em companhia de seu diretor amigo, Sergio Leone. “Por um punhado de dólares“, de 1964, tem recorde de mais de 200 mil partituras vendidas, fato nunca ocorrido com trilha sonora.
Revolucionando a música no cinema, Ennio Morricone, continuou a trabalhar com os maiores cineastas, e também a marcar seu nome em grandes sucessos das telas pelo mundo. Mas, com “Três homens em conflito“, de 1966, também com Sérgio Leone, marca sua carreira como o maior arranjador de cinema conforme afirma seu amigo e parceiro Martin Scorsese.
Muitos outros trabalhos brilhantes marcaram a carreira deste músico erudito que entendeu como ninguém o que era vestir uma imagem. Filmes como “Era uma vez na América” (Sérgio Leone), “Os Intocáveis” (Brian de Palma), “Quando explode a vingança”, (tema que se apoia no talento do piano de Burt Bacharach), “1900” (Bernardo Bertolucci), “A Missão” (Roland Joffé), “Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita” (Elio Petri), e, com seu parceiro, Sérgio Leone, o inesquecível “Era uma vez na América”, clássico imortal de imagem e sonoridade.
Assim como Fellini teve Nino Rota, Sérgio Leone teve em seu amigo de infância, Ennio Morricone, o criador de sons para vestir suas imagens. Com 91 anos, Ennio, alterou irremediavelmente a forma de criar música no cinema. Como ele mesmo dizia “Minha função é elevar emoções com a precisão de um cirurgião”. Mesmo assim, foi esnobado nos Estados Unidos, indicado cinco vezes ao Oscar antes de ser agraciado com uma estatueta, em 2007. Mas, finalmente, teve reconhecido seu talento, em 2015, com o filme de Quentin Tarantino, “Os oito odiados“.
Mas, a grande homenagem à sua arte e ao cinema veio com o filme de Giuseppe Tornatore, em 1990, no eterno “Cinema Paradiso“, filme que o colocou no Hall da Fama e o consagrou ao final da exibição de premiação do Prêmio BAFTA como melhor filme e trilha sonora. Os presentes em pé prestaram homenagem ao eterno maestro.
Aos 91 anos, Ennio Morricone, nos deixou um texto de seu obituário feito na primeira pessoa: “Ennio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram perto de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho…Não quero incomodá-los, só avisar: Estou Morto“.
Paulo de Tarso, é jornalista, radialista, pesquisador musical e da cultura urbana, colaborador do Cidadão Cultura desde sempre!