sobre recomeçar, aos tropeços, aos trancos e barrancos, estancar sangue, dor, suor, e lágrima. pensar sobre possibilidades que não findam no entardecer, renascem no horizonte e se expandem no infinito que se é.

escrever é essa sina, essa saída trágica para imaginar mundos que hão de existir somente nessa cabeça cansada por refletir em demasia. meu torpor é ser sempre a metade do sonho, um pouco de tudo aquilo que não cabe em mim.

sigo sendo, tateando entre as memórias de mim, resgato o que já fui um dia para caber no hoje, esse momento finito que se esvai em um suspiro.

não sei viver o agora, o mundo flutua e me leva em um ritmo que não é o meu, eu voo, nesse céu espelhado mergulho, sufoco, morro cada dia mais, renasço, vivo, respiro. encaro esse buraco profundo e dou risada dos meus medos infantis.

repito os erros, de novo e de novo e de novo.

trilho novos velhos caminhos, reconheço quem era até ontem e abraço quem ainda não sei que sou. existo. registro um fim de tarde e isso me basta. faço poesia com dedos ligeiros, ensaio um sorriso, desfaço o nó da garganta e vislumbro o que ninguém mais vê.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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