Paulo de Tarso
Raul Santos Seixas, também conhecido como Rauzito, está cada vez mais vivo na memória dos aficionados que amam as influências do Rock and Roll, de Elvis Presley, com a batida de Luiz Gonzaga, o nosso rei do baião. Estudante de filosofia, ator, compositor e músico, nasceu de uma família de classe média em Salvador, Bahia, no dia 28 de junho de 1945.
De Salvador ao Rio de Janeiro, Raul teve uma jornada bem difícil com sua banda que tinha o nome de Rauzito e seus Panteras. O ano de 1962 foi de sofrimento e muita porta fechada em sua cara e de seus companheiros. Raul começa a vislumbrar o sucesso no ano de 1973, quando gravou a música “Ouro de Tolo” que alcançou um enorme sucesso de execuções e vendas. Critica aos anos de chumbo da ditadura militar.
Visionário, polemico, irreverente e determinado a mudar o mundo, Raul se juntou a Paulo Coellho fazer musicas e criar uma Sociedade alternativa onde todos teriam total liberdade, uma cidade sem leis . Em plena Ditadura Milita sua ideia não foi bem vista e isso lhe custou um exílio para os Estados Unidos, quando realmente conheceu os trabalhos dos magos do Rock and Roll como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis.
Raul com seu estilo agressivo e comunicativo influenciou uma geração de artistas, seus fãs crescem a cada dia, suas músicas continuam atuais e rendem filmes, livros, peças de teatro e seguidores fieis a suas ideias, colocando sua arte sempre como referência. Raul também com certeza é o artista que mais fãs clubes tem no Brasil. Uma verdadeira metamorfose ambulante!
Por ser uma mudança radical na música jovem no Brasil, Raul Seixas e seus parceiros em especial Paulo Coelho apostaram na transformação constante e a na transformação da velha opinião formada sobre tudo. Sempre criativo, Raul criava suas próprias histórias desenhando os personagens nos cadernos da escola. Ele sempre adorou músicas mas seu sonho sempre foi ser escritor. Fã ardoroso de Elvis Presley e Little Richard. Em 1959, junto com seu amigo Waldir Serrão, fundou o fã clube de Elvis Presley em Salvador. Recordações daqueles tempos onde o rock/baião norteava o talento de Raul Seixas.
No Rio de Janeiro, Raul teve alguns momentos de grande dificuldade até aparecer no Festival Internacional da canção com canções defendidas pelo próprio Raul como “Let me sing, Let me sing“. Desde então suas músicas começaram a aparecer e ter destaques em rádios de todo o país. Foi então contratado pela gravadora Philips. Lá conheceu o escritor Paulo Coelho, que mais tarde se tornou seu parceiro de obras definitivas na MPB.
Foi no ano de 1973 que Raul lança seu primeiro disco Krig-ha, Bandolo, disco épico que marca sua ascensão no cenário musical brasileiro. Neste disco músicas como Al Capone, Mosca na sopa e de regravação de Ouro de Tolo. Deste álbum vamos ouvir um grande sucesso de Raul: Al Capone.
Em 1974 Raul Seixas, junto com Paulo Coelho, criou a “Sociedade Alternativa“, um conceito de sociedade livre inspirado no ocultista Aleister Crowley, que foi tema do disco Gita lançado anteriormente com grande sucesso. Mas, a censura prendeu Raul Seixas e Paulo Coelho e ambos se exilaram nos Estados Unidos.
Na volta, novos e grandes sucessos como os de 1976, quando lançou Eu nasci há 10 mil anos atrás, uma verdadeira narrativa da história humana contada por Raul e Paulo Coelho.
Ainda do disco, Eu nasci há dez mil anos atrás, outro grande sucesso se fez presente na obra de Raul Seixas. “Amigo Pedro“, com essa música Raul voltou a ser destaque em trilhas e execuções nas rádios de todo o Brasil. Vamos ouvir?
Nesta época já marcada por seus vícios Raul começa a ter percalços em sua carreira e lançou outros discos como O dia em que a terra parou, Porque os sinos dobram e Mata Virgem, todos lançados em 79 e 80. Destaque para a música: O dia em que a terra parou.
Mas sua obra está muito acima de seus lançamentos pois o que ficou foi a filosofia e a influência que o levou a ser o “Pai do Rock Brasileiro“ e o grande destaque de seus lançamentos foi o álbum Krig-há, Bandolo (grito de guerra de Tarzan que significa cuidado com o inimigo) em parceria com seu fiel escudeiro Paulo Coelho, parceria que durou pouco, pois cada um seguiu seu caminho. Porém ficaram obras primas como a junção do Rock e do maxixe na composição “Rockxixe“.
Raul, o maluco beleza, viajou em seu disco voador com destino ao oriente eterno, em 21 de agosto de 1989.
Sua máxima permanece mais viva do que nunca: Os homens passam, as músicas ficam.
“Não sou cantor nem compositor, uso a música para dizer o que penso“.
Viva Raul!!!!
Paulo de Tarso, radialista, jornalista, pesquisador musical e palmeirense.