Emildo Coutinho

Há um tema presente na literatura universal que classifiquei oportunamente, em dissertação de mestrado, de “balzaco-barretano”, uma referência ao francês Honoré de Balzac e ao brasileiro Lima Barreto. Isto é, um jovem do interior, cheios de planos, muda-se para uma grande cidade e exerce o jornalismo. Na prática da profissão, se desilude, abandona o ofício e volta para seu lugar de origem.

Basicamente, é isso; com variações do tema ou novos elementos acrescentados. A obra de Balzac é Ilusões Perdidas e a de Barreto Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Barreto leu Balzac e, coincidência ou não – visto Recordações tratar-se do que hoje chamamos de autoficção – há muita similaridade entre ambas as obras.

Lima Barreto, ouso dizer, é o Balzac brasileiro, sem depreciar nosso mulato pobre e sofrido. Longe disso. Se Balzac discorreu em centenas de páginas e volumes sobre o que chamou de Comédia Humana, Barreto falou em alguns volumes sobre o que é ser preto, mulato, pobre e injustiçado em uma sociedade que jogou os negros em guetos, excluiu-os através de um racismo estrutural e lutou para embranquecer a nação.

Todavia, o que aproxima Lima Barreto de Honoré de Balzac é a descrição do jornalismo, dos jornalistas, as pessoas envolvidas com a produção de um jornal, enfim, e de forma realista, um tanto quanto cruel e sem idealizações. Para o escritor francês, quando discorreu sobre os jornalistas culturais, disse haver três tipos: o negador (um polemista em busca de destaque), o farsante (um “fazedor” de artistas) e o incensador (um redator de panegíricos à caça de favorecimentos pessoais).

Nas outras editorias – Política, Economia etc. etc. – só muda alguns elementos, afinal, não “se faz artista” em Política e sim constrói-se grandes homens salvadores da pátria.

As obras que vêm depois de Ilusões Perdidas e Recordações do Escrivão Isaías Caminha, em maior ou menor grau, consciente ou inconscientemente, possuem uma porção do sentimento e atitudes causadoras de um desfecho muito parecidos entre si. São textos dos mais diversos estilos e nacionalidades. No decorrer de minha vida como leitor fui observando, aqui e ali, a descrição de tal realidade.

Visão romântica

Aos dezessete anos decidi que seria jornalista e foi uma escolha sustentada em uma visão romântica da profissão. Nessa época lia muito os chamados best-sellers, geralmente norte-americanos, e através deles cheguei ao austríaco J. M. Simmel e o seu Matéria dos Sonhos, um calhamaço de 721 páginas que narra a experiência de um jornalista – Walter Roland – que se depara com poderosos criminosos cuja divulgação de seus atos poderia gerar um escândalo internacional.

Já nas primeiras páginas ele chama o jornalismo de “profissão de merda” e, embora tendo todos os privilégios de um repórter especial – inclusive com luxuoso apartamento bancado pela revista para a qual trabalha – Roland enxerga claramente do que se trata o jornalismo: indústria de consumo e sensacionalismo.

Em minha dissertação falei dessa experiência, desse vício, dessa cachaça – como o jornalismo já foi chamado. Todavia, tive que ser mais, digamos, ameno, usar de subterfúgios e eufemismos para discorrer sobre a merda, de fato, que é o jornalismo; agradar uma banca inserida em um contexto que, além de fazer parte de um meio que rejeita a subjetividade, me fez enxergar o quão penoso seria combater a própria instituição que me aceitara como aluno e pesquisador.

Através da literatura, me via vituperando o produto oferecido por aquela que me estendera a mão. Inclusive, aceitando que eu abordasse em meu trabalho um romance de minha própria autoria; uma obra de autoficção na qual discorro sobre as mais de duas décadas e meia de atuação na área.

Havia iniciado o texto acadêmico com uma epígrafe citando o eu lírico de Clarice Lispector em A Hora da Estrela: “Ainda bem que o que vou escrever já deve estar na certa, de algum modo, escrito em mim. Tenho é que me copiar com uma delicadeza de borboleta branca”.

A escolha de tais palavras não foi um mero acaso ou, ainda, apreço a Clarice Lispector. Mas, sim, porque fazia-se muito oportuna e verossímil. Eu costumo ir além das palavras de Clarice e afirmar que o assunto – a perda da ilusão com o jornalismo – não está, apenas, de algum modo escrito em mim. O assunto sou eu. Eu sou o assunto. Ele está em minhas entranhas, vísceras, em minha carne, sob a minha pele. O assunto é a minha pele. E a delicadeza de borboleta branca, na hora de copiar-se, transforma-se em rancor e mágoa.

Em dado momento, entre as inúmeras correções da banca, li de uma professora: “essa ânsia (mágoa?) está matando o pesquisador. Você precisa deixar de lado as subjetividades – experiências ruins – e se concentrar no trabalho a que você se prontificou a fazer. E fazer esse trabalho requer a linguagem específica dos trabalhos científicos. É um desafio, mas só você pode vencê-lo”.

E venci. Afinal de contas, o diploma do mestrado chegou.

Venci, tendo que deixar de lado a subjetividade tão desprezada pela ciência, pela Academia e, particularmente, pela minha banca, especificamente mais, digamos, tradicional e prescritiva. Afirmo isso da altura de quem viu todas as apresentações dos colegas, até então, e como agiram os outros doutores.

Não obstante, tais sentimentos – mágoa ou seja lá o que for – estão nas próprias obras que mencionei e naquelas que deixei de lado, como a já citada Matéria dos Sonhos. Haja visto os títulos, que sugerem o enredo das narrativas: Abraçado ao Meu Rancor, O Inferno é Aqui Mesmo, o romance de minha autoria, Jamais Serás um Dhimas Draumann; ou, ainda, dentro os que ficaram de fora, Como Fazer Inimigos e Alienar Pessoas, do inglês Toby Young.

Fui colecionando leituras, impressões e minha própria experiência como jornalista ao longo das décadas. O Dhimas Draumann de meu romance é o pseudônimo de um jornalista de grande ascensão profissional, a quem o personagem que narra a história – José Renato Ribeiro – foi comparado como alguém que jamais seria.

Através de um texto em que evito diálogos diretos (com travessões) e sob um alter ego, falo sobre os 26 anos de experiência no jornalismo, no Brasil e nos Estados Unidos, bem como o processo da escrita antes da formação acadêmica, ainda na infância, e durante os quatro anos de universidade.

Sete romances e um conto

Para a dissertação de mestrado escolhi sete romances e um conto, totalizando oito textos, dos mais variados estilos de escrita, no português brasileiro, europeu e uma espécie de mistura entre as duas variações. Não obstante, o foco foram os sentimentos descritos e não a escrita em si.

Após Recordações do Escrivão Isaías Caminha, no pré-modernismo, o clássico brasileiro do gênero, fui para A Sucessora, de Carolina Nabuco, da segunda geração de modernistas. O romance, publicado originalmente em 1934 e relançado em 2018 pela Editora Instante, foi adaptado pela TV Globo entre 1978 e 1979, no horário das 18 horas.

Escolhi A Sucessora porque, embora se trate de um personagem coadjuvante e classe média – o colunista Miguel Figueira –, temos um genuíno “balzaco-barretano” no quesito desilusão com o jornalismo e análise das influências do sobrinho do dono do jornal, que chega da Europa para meter o pitaco, como chefe, nos textos de Miguel. É dele que peguei a assertiva “comércio que envenena’’ para o longo título de minha dissertação: Adeus às Ilusões: frustração com o jornalismo em alguns romances em português (ou o comércio que envenena, jornalismo que mata e técnica sem saída).

Após desiludir-se com o jornalismo, Miguel Figueira abandona a cidade do Rio de Janeiro e vai trabalhar na roça, no norte do País, gerenciando uma plantação de babaçu. De lá, escreve para a protagonista do romance – sua prima Marina – uma carta cujo teor é um dos momentos mais melancólicos do livro. ‘’Receio que a descrição de minha vida não dê carta interessante. Pouco tenho que contar realmente. Passo o dia a cavalo, inspecionando plantações. Tudo está em início. Percorro campos intermináveis, sem encontrar viva alma, só coqueiros. (…) Tornei à lavoura, à terra. (…) De cidades não quero mais saber. Não tenho fibra para viver lutando, entre homens mais válidos do que eu. (…) Trouxe naturalmente todos os meus livros. Só mobiliei na casa uma peça, que é a biblioteca. Sustento uma luta renitente contra os insetos que acreditam na destruição dos livros. E quem sabe se a razão não está com eles?’’, escreve Miguel.

Salto algumas décadas e abordo O Inferno é Aqui Mesmo, de Luiz Vilela, publicado em 1979, em plena ditadura militar. Entre as semelhanças com Isaías Caminha estão a narrativa em primeira pessoa, ser totalmente em torno do jornalismo e descrever características e comportamento do jornalista em diferentes posições de trabalho.

Os elementos “limabarretanos” são solidificados com, novamente, o “pequeno acaso” que faz um jovem ir trabalhar em um grande e influente jornal – O Vespertino. Neste caso, o protagonista Edgar já é um jornalista, que deixa sua cidade natal, Belo Horizonte, para viver em um centro muito maior: São Paulo. Assim como Isaías Caminha, o convite a Edgar vem por parte de um amigo, em um encontro casual.

Edgar tem uma rápida boa experiência n´O Vespertino, quando enviado a Brasília para cobrir um festival de música – no qual há manifestações contra a ditadura – mas, posteriormente, uma grande decepção vem somar-se às outras que já vinha tendo na empresa. Se em Recordações do Escrivão Isaías Caminha o narrador diz que toda a redação está corrompida, aqui, em O Inferno é Aqui Mesmo, paira o descontentamento e uma espécie de enfermidade, um vício, entre os profissionais e a redação. Para alguns o jornal é a própria vida, mais importante que a família. Em dado momento, um repórter diz “É engraçado: eu estou bem de tudo, e, é só ir chegando no jornal, começo a sentir uma porção de coisas; minha cabeça dói, meu nariz fica escorrendo, meu pé vira um gelo; é uma merda. O pior é que, se estou lá em casa, eu fico doido pra vir pro jornal; e, é só chegar no jornal, eu fico doido pra ir pra casa”.

Nossa próxima parada é o conto Abraçado ao Meu Rancor, de João Antônio, que intitula uma coletânea lançada em 1986. Em sua prosa singular e bem construída, Antônio dá voz a um jornalista que perambula nas noites de São Paulo, no submundo da cidade, onde estão os outros personagens do autor – jogadores de sinuca, gigolôs, prostitutas, artistas decadentes, malandros… O repórter vai do Rio a São Paulo para cobrir ”a programação oficial com o embrulho velho no estômago’’.

João Antônio dedica Abraçado ao Meu Rancor a Lima Barreto, que chama de o “pioneiro”, citando o autor como epígrafe no livro: “A minha alma é de bandido tímido” (Marginália). Barreto foi, ainda, personagem de um romance escrito por João Antônio, Calvários e Porres do Pingente Afonso Henriques de Lima Barreto, publicado em 1977 e totalmente esgotado. Vendido a preço de ouro quando encontrado algum exemplar em um sebo qualquer.

Tudo isso faz de João Antônio e sua obra visível e declaradamente “limabarretana”. Assim como O Inferno é Aqui Mesmo, se passa durante a ditadura militar. “Noutro tempo, bem outro, a redação fora um lugar de entusiasmo, rumor e movimento. Isso, sem a ditadura. Agora, transpirava-se nojo, derrota e, pior, um nhém-nhém-nhém, um chove-não-molha dos capetas. Ali, nos mexíamos como porcos-espinhos ralando-se para viver. Sair para a rua, a trabalho, era um alívio”, escreve ele.

E, sem medir palavras, diz que “Esta profissão não presta. Com o tempo, você vai empurrando a coisa com a barriga, meio pesadão. Sem qualquer alegria, garra ou crença, cutucado pela necessidade da sobrevivência. Apenas.  O pior, se existe um, é que esta ocupação sovina e instável acaba como que atraindo azares, vícios, mortificações e levantando desejos de destruição, pespegando sentimentos culposos. A bebida, alguma esbórnia, outros empurrões que se tenta dar nessa consciência só fazem afundar mais o poço”.

Na próxima obra, de 2001, Adeus, Princesa, temos a história contada em português europeu, sob o amplo domínio da técnica de narrar de Clara Pinto Correia. O veículo é uma revista, em Lisboa, e o jornalista é um foca – jargão profissional para o recém-formado ou novo na profissão – chamado Joaquim Peixoto. Joaquim – ou simplesmente Quinho – é vítima de uma verdadeira trama ardilosa por parte de uma colega e, após ir ao Alentejo fazer a cobertura de um assassinato, no qual muitas questões nacionais estão, direta ou indiretamente, envolvidas – inclusive a reforma agrária em Portugal – Quinho tem uma verdadeira aula do que realmente é o jornalismo no caminho de volta a Lisboa.

As considerações são dadas pelo fotógrafo Sebastião Curto. Profissional experiente, Curto explica ao foca o que poderá ou não escrever, que as ideologias sempre interferirão na escrita, que o objetivo é sempre agradar ao leitor, visando entretenimento e lucro. Após, enfim, elaborar o texto, vê-lo publicado sem sua assinatura e ser humilhado, o foca é descartado, afinal, não necessitavam mais dele.

O sexto texto que observei em minha dissertação foi o Suicida Feliz, de Paulo Nogueira. Lançado em 2003, o romance faz uma espécie de ponto entre Brasil e Portugal, país em que o autor da obra morou durante quinze anos. Vemos, no texto de Nogueira, muitos aspectos do português europeu ao retratar o mundo do espetáculo e o telejornalismo, em uma popular emissora de TV em Lisboa.

As personagens que observamos são Alexandre Pinheiro e Eduardo Vasconcelos – integrantes de um programa intitulado Três Dedos de Conversa – e a programadora-geral Eulália Pires. Bem-sucedida, depois de passar por maus momentos na profissão, Eulália é a profissional que não se desilude, antes, encara a ilusão como algo que tem seu mérito. Fracassado, Alexandre Pinheiro é o “suicida feliz” do título do livro.  Atua como humorista do programa e escreve um diário, cujas páginas são alguns capítulos do livro e, por isso, narrado em primeira pessoa. Eduardo Vasconcelos está incomodado, nos últimos dias, por que o colega só conta piadas de humor ácido – o que acarreta oscilação na audiência e preocupação por parte dos anunciantes.

Avançamos cinco anos e nossa próxima obra é o romance O Ponto da Partida, de Fernando Molica, lançado em 2008. Nele o protagonista é um jornalista classe média da zona sul do Rio de Janeiro, Ricardo Luiz Meneses. Meneses critica o jornalismo, está desiludido, mas conformado. Seu pai, também jornalista, morreu em plena redação, aos 44 anos, vítima do que os médicos chamaram de “consequência dos péssimos hábitos”. Todavia, para sua esposa, quem matou o marido foi o jornalismo.

O “jornalismo que mata”, do título da dissertação, pegamos daqui. Não obstante, em praticamente todas as obras observadas, vemos um ou outro tipo de morte, de matança, do fim não muitas vezes da vida, mas dos sonhos, dos anseios, da criatividade, seja através da censura, da humilhação, do desprezo, do descarte.

Por fim, chego ao meu próprio romance, Jamais Serás um Dhimas Draumann, publicado em 2020. Através do jornalista José Renato Ribeiro, falo sobre mais de duas décadas e meia de atuação na área, apontando as mesmas situações apresentadas nas outras obras e algumas outras mais, através do chamado estilo autoficção, que já perdeu o seu, digamos, prestígio.

A falta de escrúpulo e ética que permeia a profissão pode chegar ao cúmulo de vermos uma pauta ser roubada ao apresentarmos para uma grande revista nacional. Após termos a resposta de que não fora aceita, vemos alguns dias depois, o assunto estampado em matéria de capa, sobre a vida dos homossexuais brasileiros. Ou, ainda, reportagem sobre o cinema paranaense ser publicada, após recusa de aquisição como freelancer, como se não houvesse um autor, sem assinatura, como se fosse um dos inúmeros releases de assessoria de imprensa, em um grande jornal de Curitiba. Simplesmente retirado de uma gaveta qualquer pela editora de cultura, de uma família que monopoliza grande parte dos meios de comunicação do Estado.

Técnica sem saída

Todas essas obras que abordei em minha dissertação, mesmo aquelas que ficaram de fora, estrangeiras, vêm ao encontro do pensamento de Adorno e Horkheimer, intelectuais da Escola de Frankfurt que afirmaram que a imprensa, como parte da chamada indústria cultural, não tem saída, isto é, visam o comércio, o lucro – por parte dos patrões donos das empresas – e, mais baixo na pirâmide social, os jornalistas almejam sobressaírem através do chamado furo jornalístico e uma obtenção de fama a qualquer preço.

Aqueles que não se enquadram, como os personagens das obras abordadas em minha pesquisa, se desiludem. Em todas as editorias, mesmo aquelas supostamente menos “áridas”, como a de Cultura, padecem dos chamados ossos do ofício.

O “cultuado” Cláudio Abramo, em seu A Regra do Jogo, afirmou que “O jornalismo é um meio de ganhar a vida, um trabalho como outro qualquer; é uma maneira de viver, não é nenhuma cruzada. E por isso você faz um acordo consigo mesmo: o jornal não é seu, é do dono. Está subentendido que se vai trabalhar de acordo com a norma determinada pelo dono do jornal, de acordo com as ideias do dono do jornal. É como um médico que atende um paciente. Esse médico pode ser fascista e o paciente comunista, mas ele deve atender do mesmo jeito. E vice-versa. Assim, o totalitário fascista não pode propor no jornal o fim da democracia nem entrevistar alguém e pedir: ‘O senhor não quer dizer uma palavrinha contra a democracia?’; da mesma forma que o revolucionário de esquerda não pode propor o fim da propriedade privada dos meios de produção. Para trabalhar em jornal é preciso fazer um armistício consigo próprio”.

Não obstante, Abramo diz, sobre Adorno e os outros intelectuais da Escola de Frankfurt, que devemos ter moderação ao lê-los, diz que é “tudo lixo”. Ao ler Abramo e outros marxistas mais engajados, notei que desprezam a Escola de Frankfurt porque aqueles são, digamos, otimistas em relação a uma militância, a uma resistência contra o capitalismo e suas formas de indústria. Já estes, da Escola de Frankfurt, vêm a realidade como de fato é, como apresentada nas obras de ficção que analisei na dissertação, no livro que escrevi, e vivi na própria pele.

Enfim, penso, exatamente, como esses intelectuais. Não há saída, não há solução para a imprensa. Trata-se, seja qual for a ideologia, de um produto à venda. Vemos, atualmente no Brasil, repórteres de rádio fazendo propagandas de produtos e serviços logo após a notificação da notícia. Ou, ainda, para citarmos um exemplo da esquerda, os constantes pedidos de apoio através de veículos como o The Intercept Brasil. Para marxistas como o jornalista Adelmo Genro Filho a notícia é um produto, sim, mas não um produto qualquer. Há que se criar uma resistência, através de uma dialética que use aspectos da mesma técnica e indústria.

Bobagem. Isso não existe. E a literatura de ficção, que é um bom reflexo sobre a realidade, está aí para provar isso. Sem falar nos diversos casos reais vividos por jornalistas ou, ainda, os livros teóricos que falam justamente sobre o assunto, como A Saga dos Cães Perdidos, de Ciro Marcondes Filhos, ou Fama e Infâmia – Uma crítica ao jornalismo brasileiro, de Marilene Felinto.

Ao reunir todo esse material – e muito mais – em minha dissertação, ouvi de meu orientador que tal trabalho acadêmico não é uma enciclopédia. Dei mão à palmatória, afinal, precisava do título e havia, como já disse, uma banca a ser enfrentada. Não obstante, todo esse material “enciclopédico” está bem guardado, para um futuro livro.

LINKS:

Livro Jamais Serás um Dhimas Draumann (Para compra e leitura das primeiras 50 páginas): https://agbook.com.br/…/318308–Jamais_Seras_um_Dhimas…

Dissertação de Mestrado ADEUS ÀS ILUSÕES: FRUSTRAÇÃO COM O JORNALISMO EM ALGUNS ROMANCES EM PORTUGUÊS (OU O COMÉRCIO QUE ENVENENA, JORNALISMO QUE MATA E TÉCNICA SEM SAÍDA): https://repositorio.utfpr.edu.br/…/adeusilusoesfrustrac…

Emildo Coutinho é escritor, jornalista, professor de inglês-português e mestre em Linguagens e Tecnologia na linha Estéticas, Modernidade e Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here