O Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães precisa de uma chacoalhada. Realmente ele não vem atendendo as expectativas da cidade que parece só servir de lugar de aluguel, no sentido de uma ocupação agressiva e que não deixa nenhum legado que seja bacana.

Se pegarmos como exemplo outras cidades, como Bonito, Campos de Jordão e outras mais, com potencial turístico e ambiental, percebemos a diferença de tratamento ao lugar. São experiências em que a ocupação é responsável, saudável, educativa, cultural, com oficinas de aprendizagem, vivências e práticas humanizadas e de total respeito à biodiversidade, diferenças étnicas, sociais, de gênero e tudo mais. Quer dizer, o atual festival de Chapada, cujo modelo já perdura, não atende às demandas mais evidentes da cidade e nenhuma ação é vista para trazer aquilo que seria mais importante e essencial nesse tipo de evento.

chapada2Aliás, por que continuam a promover esse tipo de evento? A última vez que fui a um Festival desses foi um horror. Às quatro da manhã, quando resolvi vir embora para Cuiabá, ao atravessar as principais ruas da cidade o que vi foi lixo, muito lixo, parecia que uma catástrofe natural havia devastado a cidade. A paisagem era sombria e triste, muito triste, deprimente mesmo. Fim de festa. Fim do ambiente limpo. Fim da consciência universal dos humanos que não respeitam seu próprio meio largando e jogando tudo que é tipo de embalagem pelas vias públicas como se ninguém tivesse nenhuma responsabilidade com isso.

Desde o primeiro Festival de Inverno em Chapada dos Guimarães, período em que Júlio Campos era governador de Mato Grosso, realizamos protestos contra o modelo proposto. Era uma coisa eventual, exploradora, sem política de aproveitamento subsequente para a comunidade local, sem uma política orientadora e educativa para os visitantes, enfim, brigamos e lutamos muito para reverter o rumo que a coisa tomava. Praticamente em vão. No fim, meio que remediaram a situação, pois conseguimos escandalizar na grande mídia e fizeram um festival híbrido com algumas concessões como a produção de oficinas e outras ações.

ParedõesNos final dos anos de 1980 Liu Arruda nos convocou a participar de um festival paralelo que ele resolveu fazer como reação ao desrespeito com os artistas locais. Eles, governos e patrocinadores, já com uma programação pretenciosa de trazer grandes nomes nacionais da música que estavam na moda. O Liu produziu então o festival paralelo Borduna Cultural, levantou a lona e instalou um circo na entrada da cidade, onde pudemos tocar, com várias bandas de rock local, lotando o circo, foi um sucesso. Várias outras atrações rolaram com os artistas daqui abraçando a causa. Borduna neles, Liu ria muito com aquela ação transgressora.

Agora, parece que a cidade volta a protestar contra o modelo excludente e impositivo que o Grupo Gazeta quer enfiar goela abaixo de tudo e todos. Mas as coisas estão mudando, senhores, agora é mais fácil articular outras possibilidades e mobilizar um grande número de pessoas pelas boas causas e acho que é uma excelente pedida participar junto com a galera que vem com a proposta de realizar outro festival paralelo com ações educativas, culturais e de novas práticas e vivências, o Festival do Parque da Quineira. Realizado por uma galera interessada em criar outra perspectiva para Chapada dos Guimarães, junto com a comunidade local, o Quineira quer chegar chegando para ficar e fixar uma nova proposta de festival com uma pegada mais responsável com a cidade e as pessoas.

chapada-dos-guimaraesO que eles dizem:

“O Festival Parque da Quineira – “Todo Mundo, Tudo Muda” é uma livre iniciativa de moradores da Chapada dos Guimarães, que sentem a necessidade de uma efetiva participação social nas políticas públicas voltadas ao meio ambiente, ao turismo e a cultura no município.

Entendemos que a participação social, seja de Associações, Entidades Civis, Conselhos Municipais ou Ativistas Sociais são importante no processo de avaliação e construção do calendário de eventos da cidade.

O Festival Parque da Quineira – “Todo Mundo, Tudo Muda” quer contrapor a lógica excludente do Festival de Inverno. A pergunta que fazemos é:

Você gostaria que programassem uma festa em sua casa, convidando várias pessoas, sem você ser consultado?”

Veja a programação clicando aqui!

 

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