*Por Paulo de Tarso
Acredite, deu para fazer boa música e humor na década de 80 com o conjunto formado por Marcelo Galbeti, Mario Manga, Claus e Wandy, todos eles alunos da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo. O grupo Premeditando o Breque, bastante conhecido como Premê, foi considerado um dos mais importantes grupos de música e artes cênicas de humor da década de 1980. Tudo isso em razão de seu refinamento musical e humor contundente. Mais uma cria do Lira Paulistana reduto da vanguarda musical da época .
Aqueles rapazes em 1979, participaram do I Festival Universitário da Música Popular Brasileira (antiga TV Cultura) e conquistaram o 2º lugar com uma humorada canção que chamava “Brigando na lua“ de Mario Manga, um samba de breque memorável. Estava dada a largada para uma carreira de muita música e risadas, compromisso firmado pelo grupo.
Animados e animando a todos o Premeditando o Breque no ano seguinte classificou “Empada Molotov“ de Cezar Brunet no Festival MPB Shell (TV Globo) e imediatamente a canção vira sucesso mostrando que o grupo embora levasse a música a sério tinha compromisso com o refinamento e acima de tudo com o humor
Mas, em 1981, lançou seu primeiro LP, “Premeditando o Breque“, onde se destacam as músicas “Fim de semana” e “Marcha da Kombi”, ambas de Wandy. O álbum foi muito bem recebido por críticos e público, fazendo o Premeditando o Breque entrar definitivamente na galeria do sucesso, não só underground, como popular.
Já definitivamente consagrado como um grupo musical que levava humor a tudo e a todos, o Premê, no ano seguinte, participou do MPB Shell com “O destino assim quis“. Ainda em 1982, lançou um compacto com a canção concorrente ao festival e também uma releitura rock de “Pinga com Limão“, clássico da dupla Alvarenga e Ranchinho.
Acredite! O Premeditando o Breque não parava de fazer sucesso e cada dia mais mostrava que a elegância musical e o escracho eram almas gêmeas e podiam viver em plena harmonia naqueles anos de efervescência política e cultural.
O grupo cada vez mais voltado para sua música lança em 1986, “Grande Coisa”, onde se destaca “Rubens”, música censurada e proibida de tocar em qualquer local no país, que foi regravada por Cássia Eller quatro anos depois. O grupo também participa do álbum produzido por Ricardo Cravo Albin “Há sempre um nome de mulher” interpretando “Anamaria” (biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininha “ – versão de Hervê Cordovil). Este disco atingiu vendagem de 600 mil cópias apenas nas agências do Banco do Brasil.
Mesmo sem lançar disco há 11 anos, o grupo mantém uma legião de fãs e influencia bandas mais novas. Em uma votação popular realizada em São Paulo no ano de 2003 para eleger a musica símbolo da cidade, a canção “São Paulo, São Paulo” ficou em 2º lugar, atrás de Trem das Onze, clássico de Adoniran Barbosa.
Premeditando o Breque, o humor que anda faltando hoje em dia com classe e coragem!
*Paulo de Tarso, jornalista, radialista, pesquisador e produtor musical, palmeirense acima de qualquer suspeita!