Lord cuiabano Charles Crossroad. Habitat: Zona Sul de Cuiabá. Mais especificamente no Parque Cuiabá. No virtual é Charlyes das Matas. Profissão: rock’n’roll. Letrista, vocalista, compositor, instrumentista, alma viva ardendo no caldeirão do rock. Suas palavras disparam versos certeiros cantando a sua urbe. O seu pedaço de cidade. A alma dos que já foram. As pequenas histórias de seus companheiros de estrada, os que vão e os que ficam nessa encruzilhada da vida. Charles não gosta que o chame de Charlynho, mas não vou resistir. Sou cria dos que gostam de tascar uma provocação. Filho das bocas infernais que divagam poemas soturnos nas noites misteriosas dos vampiros e dos outsiders.
Lord Charlyes canta sua aldeia e lança para o mundo. Armado de poesia e uma música visceral seu domínio de palco é uma potência. O cara cresce, toma conta da cena, atrai para si a fúria de sua música que vaticina sobre as viagens do dia a dia, a vida e suas encruzilhadas, overdoses, álcool, liberdade, liberdade, o gosto pela noite, pela boemia, assim faz e refaz percursos com crônicas urbanas, suburbanas, e elege o sonho de transpor fronteiras com sua verve musical que chacoalha corpos insanos nas plateias que vão ficando pelo mundo.
A cada apresentação o exorcizar de uma realidade que fatia corpos e dignidades. As vicissitudes da vida com seus descaminhos. Nessa encruzilhada Charlyes atua com forças que dão o impulso para a criação pura e simplesmente. Seja na calada na noite, seja nos arredores do mundo a mensagem do poeta sempre vai beirar a transgressões. Não tem meia palavra para um roqueiro que se preze. É na lata. A lata do poeta.
Conheci Charlyes numa prévia musical onde disputavam uma vaga na Festival Calango na UFMT em 2005, aliás o maior de todos os Calangos, três dias com bandas indie nacionais e locais do primeiro time. Eu fazia parte do júri com Ebinho Cardoso e Pablo Capilé. Aquele garoto baixinho com aquela potência performática, um rock local autoral de primeira que remetia ao velho bom e lendário Raul Seixas, sim, ele era parte disso também, da mística roqueira. Ficamos impressionados e resolvemos jogar a Lord Crossroad como uma das maiores revelações, senão a maior revelação do Festival naquele ano.
Arrebentaram na apresentação no Festival, fizeram um show cru e certeiro, puro rock exalava daquele palco. Foi inesquecível.
A Lord Crossroad seguiu seu fluxo, entre paradas e retornos. Charlynho nunca deixou a chama se apagar e de novo fez a estrada rodar. Hoje a Lord tá aí, vivíssima, tocando pelos eventos em Cuiabá e no interior do estado.
A formação atual vem com Joseph Skull na guitarra, Jean Samuray no baixo, Adiel Lima na bateria e Charlyes das Matas no vocal e principal referência nas composições.
A banda lançou o ultimo single no Festival Dia Mundial do Rock, com a música “Albatroz” que faz uma referência à primeira formação, com Billy Espíndola – guitarra, Nicolas Barriguélla – contrabaixo e Marcus Tubarão – bateria.
A música “Albatroz”, já bastante conhecida da galera que curte a Lord, pois rolava nas rodas de violão que sempre fazem nas matas do Parque Cuiabá e região, faz uma homenagem ao primeiro baixista da banda que faleceu tragicamente. Albatroz era o apelido do Nicolas que segundo Charlyes “amava alçar grande voos em viagens intermináveis”.
Eles estão preparando o lançamento de mais dois singles com o produtor Emerson Soares da Ativa Discos de Campo Verde (MT). Quem quiser ouvir Albatroz pode baixar direto da página da banda no soundcloud.
Outro ponto que ele considera importante é fortalecer sua região, a Zona Sul cuiabana, no Parque Cuiabá e entorno, para isso estão restaurando antigos pontos de cultura “como nosso Centro Comunitário, a Praça Cultural e o nosso próximo objetivo maior que é, revitalizar o Espaço Silva Freire’.
Com uma atividade cada vez mais intensa Charlyes ressalta ainda, que estão trabalhando em “parceria com a galera do skate, através da Associação de Skate de Cuiabá e do Espaço Toma com Billy Espíndola, com quem fizemos um festival de dois dias de rock autoral no ginásio do verdinho no CPA 1”.
O rock aqui veio para ficar, não há dúvidas. Novas e muitas bandas estão surgindo para reforçar a cena. Lord Crossroad caminha para fazer história e quem sabe alçar voos maiores nas encruzilhadas da vida. Salve, salve!
Eduardo é o cara !
Palavras de quem acompanha e acompanhou tudo des de sempre . Satisfação fazer parte desse time que luta e sobrevive e respira O bom Rock n roll
Cidadão Cultura Tmj