A música instrumental em Cuiabá aponta para um crescimento tanto em movimentação quanto na qualidade dos músicos. Foi-se o tempo em que Cuiabá ficava a reboque da musicalidade do sul do estado, notadamente Campo Grande. Realidade que perdurou por muito tempo após a divisão do estado. Era bastante comum esse tipo de visão que desqualificava a música de Mato Grosso. Qual era a música do Mato de cá?
Passada essa onda, agora o surf é outro, de lá para cá, dos anos 80, 90, início dos 2000, Cuiabá despontou e vem revelando uma gama de novos músicos que impressionam pela qualidade, pelo rigor, pela diversidade rítmica e de gênero, pela capacidade de assimilar as dificuldades da música local e fazer um trabalho de superação.
São muitos trabalhos novos surgindo o tempo todo e hoje podemos nos dar ao luxo de exportar músicos, compositores e bandas, são vários os exemplos. Muitos vão embora por que aqui não existe ainda um mercado que absorva os músicos que emergem e evoluem. Mas isso faz parte de um conjunto de situações que precisam ser criadas principalmente com a difusão dessa música e o surgimento de novos espaços para a atuação profissional, o que vem acontecendo aos trancos e barrancos.
Mas aqui e agora na quase tri-centenária Cuiabá, do velho e do novo convivendo rumo ao futuro, dos vários tempos coexistindo com suas múltiplas formas de expressão, uma galera está movimentando o segmento da música instrumental há um bom tempo. Já vai para a quarta edição nessa temporada o evento chamado Espaço Instrumental, uma iniciativa de um grupo de músicos, liderados por Danilo Bareiro, Wellington Berê e Jeanbass.
Segundo Jean Bass “com a intenção e objetivo de unir a classe musical em rodas de música e improvisos, onde cada um toca o que deseja, da forma que quer, tudo dentro de uma lógica musical, é claro. Para o público é uma experiência bacana, já que não é sempre que se tem espaço para o instrumental mais elaborado e improvisos nas bandas onde os mesmos atuam. Muitos tocam em bandas de Baile, Rock, Pop, cover, sertanejo, samba, ou mesmo free lances, onde tocam de tudo. E encontram nesse espaço, a oportunidade de praticar o que se estuda com liberdade.”
Também participam, das apresentações, músicos de grupos do WhatsApp, como o Baixistas-MT, Fender Cuiabá Clube e convidados, alguns profissionais, outros que levam a música por hobby, mas que não deixam de estudar música.
A ideia dos realizadores, segundo Jean, é fazer uma turnê pelos bares da cidade e “uma vez por mês nos apresentar em praça pública, na rua, onde o povo está. A novidade pra esta edição e que vamos montar também som com microfone, já que a voz é um dos mais importantes instrumentos da música, porem é claro o carro chefe sempre será o instrumental.”
A próxima edição será na PRAÇA DA MANDIOCA, no tradicional bar do Azambuja, terça-feira (23) a partir das 8 da noite. São várias atrações que vão sacudir a noite com a boa música instrumental free: Berê e Amigos, com os músicos Wellington Berê, Levy Júnior, Leonardo Cadore e Alberto Ramos; Power Rock Trio, com Danilo Bareiro, Jean Bass e Nelson Küchler.