Informação é fundamento básico para o exercício da cidadania. Informação é poder. Com certeza todos já ouvimos e concordamos com essas afirmações. Mas sabemos também que o pressuposto de liberdade não se aplica quando constatamos o alto grau de ingerência nas redações dos jornais, sites, rádios, Tvs e quantos mais veículos midiáticos existirem espalhados por esse Brasil. O poder econômico, via de regra, é dominante e determinante quando se trata da definição das linhas editoriais em praticamente todas as redações. Sendo o jornalismo o carro chefe na responsabilidade de salvaguardar os direitos do povo de ser informado principalmente na fiscalização do exercício do poder em seus vários âmbitos, podemos perceber a dimensão nefasta da manipulação da informação e os prejuízos que isso trás para a já tão frágil democracia brasileira.
A internet que surgiu como esperança de servir ao exercício livre da circulação da informação em caráter multimídia se mostra cada vez mais controlada e balizada, ora pelo poder econômico com a manipulação perversa de dados dos usuários, ora pela banalização (estimulada) crescente de conteúdos rasos e formadores de uma nova cultura que beira o extremo da superficialidade.
O que era um sopro de esperança e liberdade torna-se mais e mais o suprassumo de uma sociedade inteiramente controlada e dirigida ao consumo desenfreado. Berners-Lee afirma ainda: “Como os tempos mudaram. Agora, um punhado de empresas dominam vastas áreas da atividade da web — o Facebook para rede social, o Google para pesquisa, o eBay para leilões — e literalmente possuem os dados que seus usuários entregam e criam. Isso dá a essas empresas um poder sem precedentes sobre nós, e lhes dá tamanha vantagem competitiva que é muito ingênuo pensar que seria possível lançar uma iniciativa capaz de vencê-los em seu próprio jogo. O fato de que o Facebook já tem os dados de 1,7 bilhões de perfis de usuários e — mais importante que isso — a história das interações de seus usuários, significa que você provavelmente não vai conseguir atrair muitos investidores experientes. Além disso, é lá onde já estão todos os seus amigos. A dependência do fornecedor é real.”
Quando defendemos a liberdade na internet nada mais é que defender a liberdade de acesso e de empoderamento das pessoas no processo de desenvolvimento de nossa sociedade. Os movimentos políticos que vêm desencadeando um retrocesso nas conquistas sociais no Brasil são patrocinados por grupos que se perpetuam no poder desde as capitanias hereditárias, são as mesmas famílias. Mas há esperança, é preciso constituir novas formas de luta pelos direitos sociais e não deixar de se indignar com as injustiças crônicas que o sistema vigente impõe.
Nas palavras do sociólogo Manuel Castells o caminho é esse: “Meu novo livro, que será publicado em breve, chama-se Redes de indignação e esperança: são os dois sentimentos que existem no movimento. A indignação foi fundamental para superar o medo, porque o medo é a emoção que todas as sociedades impõe para não mudar nada. As pessoas têm medo de que, se fizerem algo que não está dentro das normas do sistema, no mínimo perdem o emprego. Como se supera o medo? As próprias experiências neuro-cientificas mostram que é com a indignação. Quando se sente muito indignado, você não se importa com o que pode acontecer.”
PS: Um artigo que li na Carta Capital demonstra por A + B os caminhos que se fecham quando falamos em internet pública no Brasil. Vem aí um PL que tramita no Congresso Nacional que é mais um golpe nos direitos sociais. Estão entregando o Brasil de bandeja. Só não vê quem não quer!