“Belo como o encontro de uma máquina de costura e um guarda-chuva sobre uma mesa de dissecação.” (Lautréamont)
“A costura do invisível” foi o nome da coleção de Jum Nakao (estilista, diretor de criação e designer), brasileiro, neto de japoneses, que hoje mora em São Paulo e realiza diversas palestras e workshops pelo país e pelo exterior.
Esta coleção foi desfilada no São Paulo Fashion Week em 2004, e teve dois temas:
- Oceano: um mergulho interior na busca de respostas pessoais e profissionais.
- Século XIX: a revisitação de toda a riqueza e elaboração das construções têxteis.
“O efêmero também pode permanecer.” (Jum Nakao)
Esse impactante desfile foi um espetáculo que desafiou todos os padrões estabelecidos pela moda. A coleção (forte e libertadora) foi feita toda em papel vegetal, confeccionada em mais de 700 horas de trabalho. Imagino aqui o desafio técnico a que ele se submeteu. A cabeça das modelos era a peruca do boneco playmobil (onde você pode ser qualquer personagem, mas padronizado com o mesmo cabelo).
Nem mesmo as modelos sabiam que iriam rasgar/destruir as roupas, (só ficaram sabendo na hora de entrar na passarela) “para não ser banalizado, para que fizessem com dor”, disse Jum Nakao.
A feliz escolha da trilha sonora com ária da Bachianas Brasileiras nº 5 de Villa Lobos, acentuou em mim a poesia da desconstrução.
A poesia da desconstrução quebrando paradigmas, renovando e saindo do óbvio, num mergulho profundo em busca de um novo “eu”.
“O que observamos, não é só o que observamos, é também o que significa”. (Lautréamont)
Sayonara!
UAUUUU!!!!!!!!