Por Rodrigo Brito

O site LiteraturaBR tem uma seção muito interessante chamada “Quando eu li”, que é destinada a relatos sobre o primeiro contato com um determinado livro. Como sou um apreciador do site, decidi escrever um texto que carregasse um pouco dessa ideia, mas também com a apresentação de alguns poemas que eu gosto.

Teve alguma noite de 2014 que eu e um amigo, depois de beber algumas cervejas, andávamos pelo bairro Boa Esperança e vimos um conhecido nosso conversando com um cara. Paramos para conversar e fomos apresentados ao alam borges que, naquele momento, estava com o som do carro tocando Radiohead. A conversa e a música estavam muito agradáveis, conhecemos um poeta e fomos convidados para participar do lançamento de seu livro. Trocamos as nossas poesias: ele recebeu o meu Solstício ao Luar (2013) e eu recebi o livro alegorias encantadas: crianças (2013). O grande acontecimento da noite foi quando alam declamou O Corvo (1845), de Edgar Alan Poe (1809-1849) e Canto I, da parte inferno, de A Divina Comédia (1307), de Dante Alighieri (1265-1321). Aquela noite se tornou inesquecível.

O poeta se chama Alan Kardec Borges, mas assina como alam borges. A assinatura valorizando as letras minúsculas é onde começa a peculiaridade dos jogos que o autor instaura com o leitor. Em algumas conversas que tive com alam, o argumento era que as iniciais maiúsculas são para assinar documentos, contratos, espaços onde há mentiras. Sendo esse um dos inúmeros sentidos, percebo que seus livros trapaceiam a gramática normativa.

Meses depois da conversa, o poeta lançou Fogo (registrado em 2013, mas publicado em 2014) e O Infiltrado (2014), dois livros maravilhosos. Já li e reli e a cada leitura exploro novas sensações. Recomendo ambos, valem muito a pena. Todas as escrituras merecem a leitura e provocam inúmeros sentimentos, destaco duas que me chamaram a atenção:

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O infiltrado. São Paulo: Scortecci, p. 19.

 

 

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Fogo. Vila Velha: Above, p. 60.

Mudei de ideia, o livro me incendiou, trago-lhes mais um poema:

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Fogo. Vila Velha: Above, p. 49.

A minha decisão de fotografar os poemas se deu para que os leitores pudessem perceber a singularidade da escrita de alam, na qual tudo é significativo em seu texto. Sendo assim, eu não podia trazer digitadas as poesias, pois gosto dos jogos e acredito na importância de jogarmos os significantes que encontramos na linguagem.

Cuiabá é uma cidade que, apesar de vários problemas, tenho que ser justo: possibilitou-me conhecer ótimos escritores e, consequentemente, aumentou a minha curiosidade em me aprofundar nas leituras de obras produzidas em Mato Grosso. Sou leitor e me sinto feliz em saber que temos uma excelente literatura. Este texto é mais do que um relato, é uma indicação de leitura, um passo para aumentar a visibilidade sobre um escritor que tem muito a contribuir com a cena artística do estado e apresentar livros que merecem ser lidos.

Rodrigo Brito, poeta, autor de Solstício ao Luar (2013) e VISÕES (2015)

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