Grace Coddington nasceu em 1941, numa cidade do interior do País de Gales e não tinha acesso às informações sobre moda, a não ser pela revista Vogue.
Foi modelo aos 18 anos, com biotipo considerado avant-garde para a época, passou a fazer parte da lista das Tops 10 da Inglaterra, ganhando o apelido de “The Cod”. Mas o acidente de carro aos 26 anos que quase a deixou cega (teve que passar por várias cirurgias reconstrutivas), interrompeu sua carreira de modelo. Trabalhou como editora na Vogue inglesa por 19 anos. Depois, em julho de 1988 começou a trabalhar na Vogue América como diretora criativa, cargo que ocupa até hoje.
Aos 75 anos essa fantástica mulher lançou um livro (setembro/2016) “Grace: The American Vogue Years” pela editora Phaidon. O livro conta os seus 28 anos como diretora criativa da Vogue América ao lado da amiga e chefe toda-poderosa Anna Wintour (começaram a trabalhar no mesmo dia). Para quem gosta de moda é um livro imperdível!
Grace é considerada uma das profissionais mais engenhosas/apaixonadas/brilhantes que já passaram pela revista.
A revista Time a definiu assim: “Se Anna Wintour é o Papa, Grace Coddington é Michelangelo, tentando pintar uma versão atualizada da Capela Sistina 12x por ano.”
É uma mulher reverenciada no mundo da moda. Seus editoriais são visionários e atemporais. Ela valoriza mais a arte e sua subjetividade do que o marketing. Já trabalhou com todos os fotógrafos importantes tipo: Bruce Weber, Mario Testino, Richard Avedon, Steven Maisel, Patrick Demarchelier, só para citar alguns.
A Guardian a citou: “Ela tem produzido algumas das imagens mais memoráveis da moda. Suas imagens podem ser alegres e decadentes ou temperamentais e misteriosas, mas elas sempre contam uma história.”
Em 2009 ela participou do documentário “The September Issue” sobre a realização da edição de setembro de 2007 da revista Vogue América, desempenhando um papel importante no envolvimento da produção da revista e que mostra também a sua relação (às vezes tensa) com sua chefe a poderosa Anna Wintour.
Hoje é casada com seu terceiro marido, o cabeleireiro Didier Malige e seus muitos gatos (ama gatos!).
Diz Grace: “Eu nunca sonhei em ser modelo e nunca sonhei em ser editora de moda. Mas eu amava as páginas e as fotos. Nos meus primeiros anos como editora de moda, eu trabalhei com Norman Parkinson, um fotógrafo muito importante. Ele me ensinou a manter os olhos sempre abertos (…) Qualquer coisa que veja pela janela, o que quer que seja pode inspirar você.”
No ano passado (2016), Grace Coddington se demite como diretora criativa da revista e muda de cargo, agora assina como diretora criativa at large (assinando só quatro editoriais por ano), pois quer ter tempo para si mesma e se dedicar a outros projetos.
A meu ver, uma grande perda! A Vogue América perde, o sonho, a fantasia, o sal, a pimenta.
C’est la vie!