Os Zines sempre tiveram uma carga de urgência, de emergência. Mas sempre serviram a causas de alguma forma rebeldes, de comunicação de grupos, sejam punks, rockers, sejam poéticos, literários, seja lá o que for, são publicações que trazem esse charme em seu bojo, mesmo em plena era digital de ares contemporâneos.

São veículos de resistência, de vanguarda ou retaguarda, não importa, assim como as rádios comunitárias revolucionárias, os zines têm uma expressão de contracultura a desafiar as estruturas correntes, de caráter comunitário, universitário-pluri-diversitário, verse ou reverse, do jeito que for, ele atende ao seu chamado e se faz chama, inflama e superaquece as estruturas conservadoras e desafia até o tempo que urge tecnológico.

O zine ainda avança e cativa mesmo em tempos de biosfera digital, tal qual um Davi às avessas contra o gigantismo macro pixels e se faz também em pixels, mas imprime no papel a marca dos marginais, dos outsiders, dos que correm por fora e que amam o que fazem.

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Foto Anna Marimon

O Ofizine, produzido em Cuiabá pelo Coletivo Oficina da Palavra, com apoio do Sesc Arsenal, chegou ao seu segundo volume e está fazendo chover literatura sobre nossas pobres cabeças – enfiados até o pescoço na insignificância corrida dos dias. Como que a desafiar, dá um tempo aí, pare, leia, absorva… a literatura corre atrás de nossos calcanhares de Aquiles, já tão doentes e gastos, nessa corrida insana.

Pare, stop please, dê um tempo, pare, sente-se leia, pode ser deitado, se aquiete diante dos rumores contemporâneos que rugem em nossos ouvidos assustados, (des)arregale os olhos, calma, pause, leia um (ofi)zine, contos de começo de século de novas ondas das letras cuiabanas bacanas do Mato do matão do Brasil.

Os autores foram alvo da editoria de Santiago Santos. No primeiro número teve apresentação e seleção de Aclyse, um doutor poeta, desses dos bons. Apesar de tudo a academia não lhe pesou nos ombros. Ó Drummond, responda-me, o que podem os ombros suportar?

Gosto de Andreza Pereira, ela é dessas pessoas escritoras acima da média, que trabalham e produzem qualidade acima da discórdia, João Cabral de Mello e saias. Rigor e talento, me segura que eu vou dar um troço. Salve Wally das minas salomônicas.

Foto Anna Marimon
Foto Anna Marimon

Santiago Santos, já li mais que os outros autores, seu livro “Na eternidade sempre é domingo” é uma delícia de obra, daqui das nossas geografias e letras. Ainda vou escrever sobre o livro. Além disso, acompanhei mais ou menos suas crônicas no jornal impresso, Circuito de Mato Grosso, e seu blog, Flash Fiction, que é muito bom e do qual já falei aqui. Esse cara não tá para brincadeira.

É isso, os outros autores, Loreci Domeneghi, Elizete Santos, Aldi Nestor, Rose dos Anjos, Marília Bonna, são acompanhantes à altura dessas minhas primeiras referências. Ofizine 2 vem com mais autores, além dos já citados, Ásbel Torres da Cunha, Járede Oliver, Neneto Sá e Aclyse Mattos. Todos os contos dos escritores da Oficina da Palavra satisfazem e apontam para novos caminhos em nossa (en)cruzada literária.

Na apresentação, Santiago argumenta com precisão: “O Coletivo Literário Oficina da Palavra nasceu dessa combustão. Escritores desejosos de produzir e mostrar o que produzem. (…) Na tinta na resina, o chamamento à literatura compartilhada.”

São bacanas esses encontros que geram produção e ajudam no desenvolvimento dos talentos. A produção literária está em franca (r)evolução por aqui, acompanhando outros segmentos que crescem como mato.

PS: O Ofizine conta com a parceria do Fusca Sebo, que por onde estacionar leva a edição nº 2 para distribuição. Já falamos sobre eles aqui também, e é só ficar ligado no Facebook para saber do itinerário!

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