Sua arte provoca reação certeira, de que é incontestável a dor, a luta, o sofrimento de quem quebra os moldes de uma sociedade normativa. E esta arte é dolorida, é difícil digerir todo o seu conteúdo. E Mariana de Matos leva sua arte para além da superfície na exposição “Hoje minha vida é minha noção de luta“, que abre nesta quinta-feira, 7 de julho, na Casa do Cachorro Preto em Olinda.
“Mariana é artista plástica e poeta mineira que pesquisa a relação da poesia e da arte com o cotidiano e com a sociedade. maré é como assino quando preciso da potência de um sujeito que recorre ao direito de oscilar, transgredir, atravessar e extrapolar linguagens”, assim se define, em suas próprias palavras. Afinal, a distância é algo que nos impede de fisicamente, uma Mariana entrevistar a outra, mas a troca, o carinho permanecem os mesmos.
Uma artista iluminada que consegue inundar com sua arte, encher até a borda, de sentimentos, conflitos, pontos de interrogação, reticências. Se eu pudesse pegaria um avião e iria até Olinda, mesmo que no último dia, 31 de julho, para devorar todas as suas linhas. As linhas que unem em sentido, em conceito.
“Na realidade, em minha produção, as linguagens namoram os conceitos. Quando elaboro um trabalho, penso a princípio na intenção deste trabalho. Depois, as linguagens se apresentam, e você conduz a ideia para o suporte mais adequado”.
Agora é o desassossego ‘inerente a quem observa de perto o país’ que a impulsiona para esta exposição.
“Vejo um país tensionado por ter elegido um projeto político, e estar sendo governo por outro. (Ambicioso que desconsidera obviamente as demandas e a escolha desta parcela da população). Sustentado a toda custa, por cidadãos indispostos a abrir mão de privilégios históricos.”
“A exposição apela para potência simbólica a tratar de pautas normalmente invisíveis nos grandes tratados e veículos de massa. Violência contra a população negra, objetificação da mulher, crítica à construção patriarcal da sociedade, entre outros. Faço um chamado para que possamos estar íntegros para enfrentar um momento difícil no país. A pauta da exposição é um desejo íntimo. Falar sobre o que é pouco dito”.
A arte é inerente ao seu ser e estar no mundo. Em 2008 ela lançou “para acabar com as obras primas ou sobretudo o verso”, e então o “verso e verbo” em 2010, e ainda “meu corpo é um esconderijo” em 2014 (este eu tenho, e está sempre ao meu alcance). Com o lançamento de META neste ano, a previsão é que o próximo livro de poesia seja lançado em 2017.
E como maré, que toda dor se transforme em arte.
Beleza de diálogo poético entre Maria(n)nas
a Mariana de matos tem uma vontade de vida que me emociona e claro é uma artista completinha da silva uma sujeita antenada com processos de busca de novas formas de conviver entre os seres, aqui o sujeito é mais que o artista, aqui o artista é sujeito ao ser fica claro a sua potência redesenhar nossa milenar cultura de sujeição do ser assuntos escondidos debaixo do tapetão do mundo……………