Da Assessoria // Fotos de Fred Gustavos

A construção de um espetáculo é um processo interessante, intenso. Doloroso, às vezes, porém gratificante quando é mostrado ao público e este reconhece o trabalho e entrega o melhor pagamento ao ator, as palmas. Quando esse trajeto é feito com pessoas que você admira e respeita, aí fica muito mais gostoso! Foi assim na construção de Carne: uma narrativa sobre a memória, que participa do projeto O Levante em Cena, que ocupa a Casa Cuiabana, de 31 de março a 23 de abril.

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A reunião dos veteranos atores – apesar de novos na idade – não poderia ser diferente. Yandra Firmo, Everton Britto e Luciano Paullo se conheceram na década de 90, labutaram no mesmo grupo por anos e depois seguiram caminhos distintos. Este se mudou para o interior, o outro foi fazer faculdade em Curitiba e aquela foi fazer mestrado, doutorado. Mas nunca perderam o contato e desejo de voltar a trabalhar juntos.

Eis que a chance aparece em 2016 e é agarrada com unhas e dentes e criatividade. Surge a oportunidade de transformar narrativas de situação de opressão em ação! Surge a ideia de transformar a dor, o sofrimento, as lágrimas e angústias em um conjunto cênico. A performance foi a forma escolhida.

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“A ideia de trabalhar com temas tão perturbadores, a possibilidade de construção coletiva nesse processo de fazer teatro, foram os desafios lançados”, explica Yandra. E eles jogaram os velhos amigos teatreiros nesse caldeirão fervilhante que explodiu em cenas nada simples de digerir. A performance da Solta vai revelando aos poucos o universo pesquisado, através das narrativas autorais, dos textos documentais, da crueza das histórias vividas pelas personagens.

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Ao entrar no espaço, o público já percebe a atmosfera criada e a ligação entre os atores, já em cena, que mesmo separados no espaço estão em total sintonia.  Alguma coisa, que ainda não sabem o que é, costura as formas criadas pela Solta cia de teatro, para a entrada da plateia meio atônita, meio curiosa, meio surpresa. E começa o jogo!

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A plateia recebe histórias de situações de opressão em vários formatos audiovisuais e cênicos. Ora encaram as imagens criadas por Gilson Costa enquanto a atriz realiza suas ações; ora ouve o enfretamento da mulher andrógina de Paullo; ou ainda embarca no Navio Negreiro de Everton Britto. E ela, a plateia, pode se movimentar pelos espaços para obter os melhores ângulos nessa experiência.

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Mas o que parece ser um jogo do trio revela que sempre há uma surpresa nessa caixa. Em cada edição de Carne: uma narrativa sobre a memória, atores são convidados a jogar também. Já o fez o jovem Ismael Diniz, do Teatro Plenilúnio, de Cáceres. Nesta edição, durante o Levante em Cena, performa Talita Figueiredo, da Confraria dos Atores.

Para os atores é sempre um andar em corda bamba num precipício, uma quebra de tabus, um acelerar. Não há direção rígida e cartesiana. Há o jogo da performance, o contato com o público e uma nova peça a cada dia. Carne é sem dúvida um novo olhar do teatro em Cuiabá. Inovador, provocativo, indigesto. O tipo de peça que marca o espectador para sempre.

Serviço

O que?

O LEVANTE – Temporada Casa Cuiabana

Espetáculo: Carne – Uma narrativa sobre a memória.

Com Solta Cia de Teatro

Quando?

01, 07 e 23 de abril

Sempre às 20h

Onde?

Casa Cuiabana

Av. General Valle, 181

Bandeirantes – Cuiabá

Onde comprar?

Cine Teatro Cuiabá

Horários de vendas?

Das 14h às 18h.

Quanto?

Antecipado – R$ 20 inteira R$ 10 meia; Na hora: R$ 30 inteira R$ 15 meia.

Combos com preço promocional

*Informações e dúvidas: (65) 99605-0814 (Carolina Argenta)

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