Fábio Pinheiro
no cheiro do mato, o blefe.
a folha vibra alaranjada
mas já está quase morta.
acordo incauto o curiango.
sua goela escancara uma ameaça de morte
a este gigante de coração partido,
como se por momentos fugidios
isto não me fora um favor.
o vento rasga a lona,
derruba galões d’água.
encontro aquela semente
que você mais gosta
num fruto que ao ser partido
tem cheiro de mel.
aguardo a tempestade
como a um velho amigo
que quando bebe
quebra os móveis da casa
fazendo-me rir da energia
que emana de todo o caos,
afogando o tédio.
quanto mais os versos aparecem
mais se apagam os rastros das suas pegadas.
*Fabio Pinheiro é poeta, professor e cidadão do mundo, daqui até Hades