Por Yasmin Nobre*
A fome é uma dor tão intensa e profunda que consegue minar cada sentimento de esperança sem esforço. Quem tem fome tem a jornada triplicada, endurecida e perpetuada, as horas tornam-se dias que causam dor e são cinzentos. O abalo físico é tanto que a racionalidade parece ser inalcançável.
A fome é uma constante tortura, a tal fome pode ser suprida por tantos, há tanta comida por onde você passa mas é tão distante, existe um imenso abismo entre quem tem fome e quem tem fartura.
A fome é destinada aqueles que não possuem voz social, a estupidez da corrupção humana os condena a cíclica fome, violência e morte. A miserabilidade de um povo nada mais é do que a riqueza irracional de determinada minoria que se julga superior, mas me pergunto, superior em que? O conceito de superioridade que a sociedade usa para admirar alguém me parece tão imoral, afinal não seria o título de “superior” se é que podemos dizer que existe alguém superior, usado com muita frivolidade?
Uma pessoa é superior por ter dinheiro e cargos importantes mas trata os demais como desumanos, ou seja, esse ser tão superior é o verdadeiro irracional que não pensa no próximo, então o conceito de superioridade nacional atual é de uma superioridade que espero nunca alcançar.
Como diz Renato Russo:”Tenho, ainda, coração, não aprendi a me render” a fome é um mal que pode ser resolvido, Josué de Castro propõe soluções há anos para esses males cruéis que são por nós tratados como naturais. A fome é uma dor aguda na alma, dor que mata aos poucos, da fome se queixa apenas quem já sentiu, quem já viu e entendeu sua terrível dimensão.
“A fome e a guerra não obedecem a qualquer lei natural. São na realidade, criações humanas.” Josué de Castro
*Yasmin Nobre, 21 anos, formada em filosofia e natural de Cuiabá-MT