Toda iniciativa que venha a estimular a prática da leitura e a multiplicação de novos atores nesse processo é, com certeza, digna de ser reforçada e difundida. Toda prática que beneficia o coletivo nesse contexto da literatura merece ser estimulada, notadamente na capacidade que a oralidade tem de trabalhar a base, ou seja, nos primórdios da formação de novos leitores, funciona muito, principalmente com as crianças. Tenho como exemplo minha casa. Anna Marimon, minha companheira de vida e arte, é uma exímia contadora de histórias das mais variadas, passando pela literatura europeia, árabe, brasileira e várias outras histórias fabulosas. Com vasto repertório, por muito mais que mil e uma noites acalentava a imaginação das filhas com incansáveis narrativas, dia após, dia, noite após noite, não havia limites para essa relação que deu frutos. Todas as quatro filhas são consumidoras acima da média, de informação, de arte, de cinema, música, livros, enfim, foram diretamente influenciadas pelo meio.

Conheci Alicce de Oliveira em Cuiabá e sempre apreciei, acompanhando de leve, suas peripécias no mundo encantado da contação de histórias e tenho visto pela mídia que ela vem se destacando nessa história toda, inclusive em meio a outras iniciativas, regionais e nacionais. Tivemos um rápido contato, e conversamos pensando em rádio, desenvolver alguma ideia ou algum programa de rádio utilizando desse expediente para levar o encantamento que a literatura produz para um número maior de pessoas. A ideia ainda está de pé.

Foi aí que vi sobre o projeto Seja Um Contador de Histórias em que ela está trabalhando para passar para mais pessoas os meios, artísticos, técnicos e de linguagens para formar novos contadores de história. Muito bacana a iniciativa. Lembrei que o Péricles Anarcos, Carol Argenta e a Fernanda Marimon, estiveram dias desses lá em casa para “filar” um almoço e eles estavam justamente no intervalo dessa oficina que estava acontecendo na UFMT. Péricles estava bastante empolgado e depois fui saber que ele se destacou no curso. Pensei com meus botões, “Esse Péricles não perde tempo…” e ele acabou fazendo uma pequena mostra lá em casa para meia dúzia de felizardos. Infelizmente cheguei logo depois do ocorrido. Pelo que soube, agradou a galera em cheio.

Ao todo, 31 aprendizes passam a atuar em diversos segmentos, utilizando a arte da “contação de histórias” como base para o desenvolvimento humano de nossos pares.

De acordo com Alicce, todos os participantes se empenharam muito. “Foram dias de muita leitura, pesquisa e ensaio. A propósito, foi neste momento que tivemos ainda mais surpresas, pois cada grupo foi muito criativo com suas propostas. Cada um foi descobrindo e revelando suas habilidades.”

No percurso, o curso chamou a atenção de profissionais de grande renome no cenário nacional, como a escritora Fernanda Munhão – autora do livro “Mila” que baseou um dos trabalhos, a narradora de histórias e escritora Clea Busatto e o jornalista, narrador e “saciólogo” sul mato-grossense, Andriolli Costa que repercutiram na internet – ou junto ao grupo – suas impressões sobre o trabalho de Alicce. “Foi uma temporada intensa e de muitas emoções”.

 

 

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