Cidadão do mundo! Assim vejo André Amoêdo, ou melhor, André Coruja, seu nome artístico. Compositor, músico, cantor, professor, enfim, mais um artista que rala muito pra se virar nessa coisa de se sustentar, bancar a própria vida. Ele acaba de lançar um disco, o Two Trees, financiado no sistema crowdfunding, a maneira que conseguiu arrecadar o recurso para produzir o trabalho através da contribuição das pessoas, um financiamento coletivo, a famosa “vaquinha”.

corujaAndré, que atualmente mora em Cuiabá, nasceu em Macapá, e estava residindo recentemente  em Cáceres onde, ainda dá aulas, e tem uma namorada, resolveu encarar a música como modo de vida, ou seja, de levar a vida na música. Tem tocado em diversas casas noturnas em Cuiabá, Sesc Arsenal, saraus, eventos culturais, com certeza logo, logo, você vai se deparar com a boa música desse Amapaense que fincou os pés em Mato Grosso. Blues, rock, folk, pop, e outros experimentos, fazem parte de seu repertório.

maxresdefaultAliás, conheci o som dele em 2006 quando tocava contra-baixo na banda indie, La Pupuña (Belém-PA), que trouxe seu trabalho para o Festival Calango com influência da música paraense e caribenha, que remetia às famosas guitarradas do norte do Brasil, ao carimbó e outros ritmos originários de lá. Na época foi um sucesso, a banda circulou bastante, mas ele partiu pra carreira solo, quis a estrada, foi passar uma temporada na Europa, conheceu muitos músicos, formou bandas por lá, inúmeras parcerias, tocou nas ruas, na França, Alemanha, Áustria e Portugal.

andSeu trabalho hoje é resultado de todas essas andanças e vivências musicais diversificadas. Diz ele que gosta de compor no silêncio da madrugada de onde extrai suas letras, poéticas e consistências. O disco é muito bem produzido com arranjos ricos, orquestrais e com canções típicas dos cantautores europeus, tipo de autores-cantores que compõem músicas com seus poemas e saem por aí a espalhar poesia pela vida. André faz parte dessa leva de artistas sonhadores e muito honestos com o que fazem, fazem por que gostam e por que tinham que fazer isso: “Sempre escrevi, sempre compus, foi natural em minha vida os caminhos que me levaram pra música.”

an coruO disco do André Coruja merece ser ouvido com bastante cuidado, ele conceitua seu trabalho como uma síntese da vida, filosoficamente, duas árvores que simbolizam o duplo, o eu e o outro, “é um disco que começa, antes das canções, com poesia. Os arranjos pensados com muito esmero, com muito zelo e carinho, por que eu tentava pensar cada canção como única. São doze faixas, mas pensava cada uma como se fosse a última. Esse disco tem a cara do outono. A maioria das canções eu escrevi na Europa. Privilegiei bastante os instrumentos acústicos nesse disco, então tem os tons de madeira dos instrumentos e no próprio encarte os tons são pastéis, com a cara do outono. Tem uma canção que se chama The Line, que é uma espécie de linha que conduz a poética, um padrão poético reflexivo. Inclusive as canções que narram, que contam uma história, elas também são bastante reflexivas. Na maneira de cantar e na maneira de se tocar o violão, há uma unidade. Duas árvores somos nós mesmos com os ramos e as raízes que crescem e se entrelaçam.”

two treesVocê pode ouvir o disco através das plataformas virtuais: Spotify, iTunes e Deezer.

Cuiabá só tem a ganhar com mais esse grande compositor que encontrou aqui, o abrigo para levar a sua vida e conquistar corações e mentes. Pelo que ouvi não será difícil para André Coruja continuar avançando em suas madrugadas silenciosas e extrair daí as canções para colocá-las definitivamente no mapa musical de Cuiabá.coru

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