Apenas um relato de experiência!

Por Yasmin Nobre*

Há um certo tempo estudo sobre o que é ser negro e em uma de minhas pesquisas me deparei com a conceituação de Avatar Branh, onde dizer-se negro era tomar uma atitude política contra o racismo fundado na cor; esse conceito entrou em mim e passou a ser um dos conceitos que formam a definição de quem eu sou.

O tempo passou, coisas que aos meus olhos eram banais passaram a ter um peso muito maior, não sei afirmar quando passei a não gostar do meu cabelo e passei a alisa-lo, mas me lembro de um episódio na quarta série onde houve um concurso de beleza na minha sala e apenas eu e mais três meninas negras, de cabelo cacheado e totalmente fora do que é definido por belo ficamos de fora.

Talvez isso tenha influenciado minha decisão, juntamente com elogios direcionados aos cabelos lisos que me cercavam e nunca a mim, veja bem, quando eu era criança não era moda ou militância ter cabelos cacheados, não nos lugares que eu frequentava, embora minha mãe sempre cuidasse deles muito bem.

Ao longo dos anos tentei uma vez voltar com os cachos mas devido às químicas ele não ficava normal, desisti… Hoje aos 21 anos, comecei a questionar o por quê de não aceitar ou gostar do meu cabelo como ele era, afinal ele é parte de quem eu sou, comecei então a me lembrar de como as pessoas me avaliavam de cabelo cacheado e por estas sentenças de bonito e feio também é possível identificar muitas construções racistas, mas precisaria de muitas folhas para explicar uma por uma.

O que quero dizer é que hoje em dia ter cabelo cacheado e curto (no meu caso, bem curto) ainda é visto como anormal, fora do padrão, talvez o que eu sou de verdade não seja o que a estética do mundo julgaria por belo então pode causar estranheza, mas lembre-se que ser negro é isso; ter atitudes políticas para romper com essa padronização excludente de beleza!

Yasmin Nobre, 21 anos, formada em filosofia e natural de Cuiabá- MT