Neide Silva é uma mulher de várias facetas. Além de psicóloga, ela tem construído uma sólida caminhada artística a partir da literatura e das artes plásticas. O público poderá conferir um pouco do trabalho dela entre os dias 07 e 27 de abril, período em que será realizada a exposição “Mulheres do Mato”, no Cine Teatro Cuiabá (sala Anderson Flores).
Além das telas pintadas pela artista, a mostra também reúne poemas das escritoras Divanize Carbonieri e Marli Walker. De acordo com Neide, os trabalhos selecionados para a exposição tratam de mulheres indígenas e suas descendentes em situações desfavorecidas, de aculturamento. As telas expressam ainda a importância do resgate cultural para o fortalecimento dessas mulheres e de suas comunidades.
A escritora Marli Walker considerou desafiador e instigante criar poemas relacionados ao tema, principalmente quando se trata da poesia visual, que estabelece com o leitor um acordo que vai da imagem ao texto, à palavra, e vice-versa. “A mulher do mato é aquela que habita todas nós, em certa medida, e trazer essa ideia para a instância artística é um desafio e uma descoberta”, disse a escritora.
Trajetória – Neide Silva tem 47 anos, é descendente de indígenas e cresceu na periferia de Cuiabá, no bairro Pedregal. Começou a se interessar pela arte ainda menina, inspirada pelo irmão, o também artista plástico Sebastião Silva. Ela acompanhava de perto as conversas dele e dos amigos que frequentavam o Ateliê Livre do Museu de Arte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O insight para a criação do primeiro livro (Cigamiguinho) veio durante a gravidez do filho mais novo de Neide, Norberto, quando ela tinha trinta e sete anos. “Naquele momento, eu entendi que seria através da escrita que eu poderia me comunicar com as pessoas e incentivar aqueles que, assim como eu, vieram da periferia, não tiveram muito incentivo ao estudo durante a infância, têm pais e avós analfabetos. A escrita seria o meu grito de socorro e a minha forma de dar força para tantas pessoas que se julgam incapazes de criar arte e fugir dos destinos que estão postos por uma vida de miséria e limitações”, destaca Neide.
A relação com a pintura se intensificou há quatro anos e, por meio dela, Neide Silva procura caminhos e se aventura por diversos estilos. Ela não tem medo de experimentar, sabe que a arte é também um exercício de coragem. Como ressalta Aline Figueiredo, a coragem e motivação de Neide fazem com que ela se supere a cada quadro, colecionando mais acertos do que erros.
*Com informações da Assessoria de Imprensa