Por Paulo Henrique Fanaia*
Muitas obras literárias fizeram críticas à nossa sociedade. Tanto na parte política como na parte econômica e social. Muitas obras se tornaram clássicos da literatura e algumas foram esquecidas.
Ontem, como de costume, estava lendo mais uma edição da revista do Batman (novidade né). Nesta edição de número 50, aconteceu o encerramento da saga do mais novo vilão da DC Comics, “O Jardineiro”.
Basicamente esse vilão é um ser superpoderoso que, através de sementes geneticamente modificadas implantadas em sua pele, tem a habilidade de alterar sua forma física podendo ficar gigante, criar setas afiadas com seus dedos e energizar ou retirar energia de qualquer objeto eletrificado.
A história consiste em um cidadão de nome Daryl que, depois de ver seus familiares serem mortos por bandidos e de ver a cidade de Gotham sucumbir à criminalidade, resolve criar tais sementes para servir de arma para lutar contra os bandidos. Daryl cria as sementes e para testa-las recruta um grupo de cidadãos de boa conduta para servirem de cobaias. Uma das cobaias, ao perceber o poder que havia adquirido perde o controle e se torna o “Jardineiro”, se apossa das super-sementes e as oferece aos cidadãos de Gotham com a promessa que com essas armas os cidadãos poderão lutar contra o crime, fazendo assim uma cidade perfeita.
Porém, como já era de se esperar, os cidadãos que utilizam as super-sementes fazem da cidade um caos, tornando-a mais violenta (sim, mais do que ela já era) e o Batman salva o dia (como já era de se esperar).
Se você leu até aqui então você já deve ter percebido a crítica feita pelos escritores Scott Snyder e Greg Capullo. O que os autores nos mostram aqui é o caos que nossa sociedade pode atingir se as armas forem liberadas.
Os “Cidadão de Bem” de Gotham perdem o controle ao perceber o poder que tem ao utilizarem a nova super arma. Imaginem isso na vida real. Imaginem o poder destrutivo de uma arma na mão de uma pessoa comum, sem preparo psicológico. Mesmo que essa pessoa tenha como principal objetivo “fazer o bem”, uma hora isso foge do controle, tornando-se um caos incontrolável.
Embora seja uma ficção, esta saga mostra de maneira crua nossa sociedade. A luta contra a criminalidade não pode ser deixada na mão de qualquer cidadão. Embora a criminalidade seja revoltante, esta deve ser combatida por pessoas qualificadas. Ok, a polícia e o governo de Gotham está repleto de corruptos, mas os bons ainda permanecem na instituição. Eles estão lá para lutar por nós, assim como acontece na vida real.
A criminalidade é revoltante, mas armar a sociedade não é a solução. Devemos acreditar nas pessoas que são treinadas para nos proteger e também dar a elas uma melhor condição para exercer este trabalho. Criar alternativas para combater a criminalidade sem a utilização da violência, tais como a inclusão social, educação e a boa qualidade de vida para a população. Somente assim poderemos viver em paz, afinal, o Batman só existe na ficção.
*Paulo Henrique Fanaia é formado em direito, apaixonado por cinema, literatura clássica, música e muito gibi de super herói, principalmente gibis do Batman!
Perfeita analogia! Muito bem escrito. Concordo plenamente contigo… Vou compartilhar com meus alunos.
O que vocês esqueceram é que Gotham é fictícia, e o batman também, tenho certeza disso porque ele não apareceu no Espirito Santo quando a galera chamou. A violência é real e bate a porta de qualquer pessoa, de qualquer classe social. No país onde os autores vivem o porte de arma é liberado, você compra na esquina, como se compra uma cerveja por aqui. Engraçado que o tal desarmamento aqui no Brasil, só desarmou o cidadão de bem, o trafica da “boca” que faz a alegria de geral, continua muito bem armado. O aviãozinho dele que abastece a galera cool, descolada, que faz textão quando “perde” o iphonezão na rua, também anda muito bem armado. Pega os dados do índice de violência e veja o antes e o depois do desarmamento. A violência se manteve, e o número de vítimas fatais aumentou. O mais cômico de tudo isso, é que essa mesma galera que pede o desarmamento é a que pede a legalização da maconha (que acho até legal), mas pensa só, nós brasileiros temos cultura pra aceitar a legalização da cannabis, mas não pro porte de armas devidamente legalizado. Menos hipocrisia, né.
Eu sei q estou 03 anos atrasado, mas depois de ler os comentários tive que fazer meu endosso: a último comentário (do Yamasaki) foi COMPLETAÇO! Falou tudo, e com bons argumentos. Congratulations parceiro