rompe a manhã.

um fio de luz
atravessa janelas

entre
abertas

renasce o dia
depósito dos restos da noite

rastros invisíveis
de fantasmas anônimos

filhos do acaso
com laços nos pescoços
lançados à própria sorte

à deriva
ruas de solidão
dando voltas

mas a manhã
revigora gestos
refaz caminhos: bom dia, lucidez. o louco rodopia nos calcanhares de um bailarino grotesco. sabiá laranja pousa sobre o mel da fruta. sabiá canta e se lambuza de mel.
a luz doura quintais. alvoroço.

-bom dia. diz o freguês na padaria da esquina.
o balcão repleto de sonhos repousa diante do olhar ávido do garoto sorridente.
-mãe, quero um sonho.

Cuiabá (MT) · 27/5/2006 16:46

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here