Por uma fresta desvendar segredos, histórias, momentos. Presenciar o desfecho, como um espectador silencioso que observa de perto todo o desenrolar da trama. Tão silencioso que qualquer movimento ou até a respiração podem intervir naquela pequena caixa que contém o mundo. Uma experiência sensorial imersiva. É o que proporciona o coletivo Caixas no Caminho de teatro lambe-lambe.

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

Com suas caixas, Juliana Graziela, Raquel Mützenberg, Tereza Helena e Milena Machado conquistam todo o tipo de pessoa e ocupam qualquer espaço com teatro. Cada uma delas conta uma história diferente. O espectador senta-se em frente a caixa, coloca fones de ouvido e por uma fresta, uma pequena abertura, podem acessar um mundo inteiro criado para contar uma história.

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

O primeiro contato de Juliana com teatro lambe-lambe foi em uma apresentação na Matriz. “Um grupo veio com três caixas e eu cheguei no começo. Me despertou algo observar a reação das pessoas. Era a Cia Mútua (RS) que veio dar uma oficina no SESC de bonecos. Depois participei da oficina de teatro lambe-lambe para aprender a fazer caixinha, criar personagem, montar história com a Cia Bonecas (BSB) em 2014”.

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

A partir de então, o tempo tratou de unir todas as integrantes do coletivo que foi criado em março deste ano. “Surgiu aos poucos, fomos juntando, a Raquel teve contato com teatro lambe-lambe com a Cia Caixa do Elefante (RS) e a Tereza quis fazer caixinha, a Milena participou de uma oficina”.

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

“Lambe é estudo, quanto mais apresenta, mais você quer colocar coisa para enriquecer a história e a forma de apresentar”, explica Juliana.

Além do que, a caixinha reserva muitas possibilidades, como viajar. Afinal, qualquer espaço é espaço para apresentação do teatro lambe-lambe. É curioso. O que tem dentro da caixa? Os olhares são atentos.

“As pessoas não tem formação de ir ao teatro, a caixinha traz a mensagem que pode se encaixar em qualquer lugar, pode fazer o que quiser”.

Foi assim que Juliana levou a caixinha para o Rio dos Couros, comunidade rural que fica depois do bairro Pedra 90 em Cuiabá. Mas o teatro lambe-lambe também passou por outros municípios como Rondonópolis, Poconé, Sorriso, Primavera do Leste, e uma das integrantes, a Raquel Mützenberg levou sua caixinha até o Chile e também circulou pelo Amazônia das Artes.

“Uma experiência que tem que se conectar com a caixa, é uma entrega. As crianças transitam, é para todas as linguagens”.

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

“São minutos intensos, marca a pessoa. É uma experiência única. Acabou e as pessoas ficam rindo, e tem esse contato direto. Conectar e desconectar. O lambe exige a conexão. É rápido, mas afeta”, ressaltou Juliana.

O teatro lambe-lambe é uma técnica de teatro de bonecos em miniatura no qual se contam histórias curtas dentro de um espaço reduzido, por exemplo, uma caixa. É intimista e único, pois é apresentado para um expectador por vez que observa por o desenrolar da trama por um orifício. Recebe esse nome, pois foi inspirado nos fotógrafos de rua das décadas de 1940 a 1960, que utilizavam máquinas em forma de caixa e para revelar a foto tinham que lamber o negativo, por isso o nome lambe-lambe. Esta vertente do teatro de animação foi criada pelas bonequeiras baianas Ismine Lima e Denise dos Santos no ano de 1989.

Caixas no Caminho

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

AGUSTINO: PEIXE GRANDE

Sinopse: A margem do rio é o palco da crônica em que Agustino pesca peixes, crustáceos, ideias, sentimentos e desejos. Mas chega um momento em que o que é do rio, ao rio tem que voltar.

Concepção: Raquel Mützenberg

Trilha Sonora: William Kanashiro

Elenco: Raquel Mützenberg (Manipuladora)

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

COME-COME

Sinopse: Nas geladas terras antárticas, um pinguim é afetado por um desejo insaciável. Em um acesso de gula, o pequeno se nega a seus costumes alimentares, entrando no mundo dos fast foods. O que será que vai acontecer? O espetáculo teve sua estreia em 24/08/2013 e desde então foi apresentado em Cuiabá e em cidades do interior de Mato Grosso.

Concepção: Juliana Graziela

Trilha Sonora: William Kanashiro

Elenco: Juliana Graziela (Manipuladora)

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

O CANTO DA SEREIA

Sinopse: Por entre a imensidão de árvores e arbustos, um lago de profunda quietude esconde uma sereia que desfruta de sua solidão. E da solitude dessas águas, ela não poderá se retirar. O espetáculo estreou em 12/04/2015 no Sesc Arsenal.

Concepção: Millena Machado

Trilha sonora: Willian Kanashiro

Elenco: Millena Machado (manipuladora)

Foto: Lucas Ninno
Foto: Lucas Ninno

GAME OVER

Será o amor uma busca essencialmente humana? Embaixo da terra “game over” abre uma festinha para que na paisagem pixelada o espectador descubra sua própria resposta. O espetáculo estreou em 12/06/2015 no Sesc Rondonópolis.

Concepção: Thereza Helena

Trilha sonora: Thereza Helena

Elenco: Thereza Helena (manipuladora)

2 Comentários

  1. bela matéria
    tenho uma caixa com a brincadeira intitulada o ABC do preguiçoso e estou trabalhando muito graças, e cada vês mais interessado por esta encantadora forma de teatro.

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here