O silêncio é maior que a sala. Em respeito ao sonho morto.
Funéreo instante que invade a sala
com o defunto pairando no ar
pesado silêncio é maior que a sala.
O jazz jaz em notas digitais
(o marcador de livros)
espalhando o ar
fantasmas livres surfam nas notas
musicaes.
Ela lê Fernando Pessoa
sua voz esmaga flores
em livros.
A cabeça continua ali
no canto
quieta. No canto do
olho. A noite
é longa e escura, mas vamos
cantando!
A voz dela clama: Como é duro ser mulher!
O mundo precisa ser afável, gentil, com a mulher.
O álcool eleva
às alturas
a cabeça sobe
balão ao fogo
sobe.
A morte vira do avesso
asas de morcego cruzam os ares
nas sombras
sugam a seiva dos meninos e das meninas.
A noite encobre seus sonhos.
(A noite encobre os sonhos do país)