Por Luiz Renato de Souza Pinto*
Preparo-me para a despedida do Cariri, essa região importante que se encontra na divisa dos estados do Ceará e Pernambuco e avizinha-se ao Piauí e Paraíba. Foram cinco dias de caminhadas e pesquisas para alimentar o imaginário que não se contenta com a internet, o enciclopedismo e busca de maneira empírica extravasar a escrita pelo olhar de quem vai e pega e sente o que busca descrever e narrar.
Passei minha adolescência ouvindo alguns cantores que hoje estão completamente fora da mídia. Fagner e Ednardo, por exemplo, como o finado Belchior, dentre outros cantores/compositores nordestinos. Depois fui conhecer Alceu Valença, Elba Ramalho, Vital Farias, Elomar. Ainda que este último, sendo fazendeiro, pertença à UDR baiana (isso foi o que soube há uns vinte anos, nem sei se ainda o é!).
No início do ano passei por aqui, indo direto para Assaré, atrás de histórias do Patativa, Nova Olinda, para conhecer a (já) quase lendária figura de Espedito Seleiro; e Santana do Cariri, onde pude apreciar um pouco das belezas naturais do Araripe. Apenas tangenciei as cidades do Crato e Juazeiro, prometendo voltar par conhecer um pouco deste chão. Cá estou, há cinco dias na região metropolitana do Cariri experimentando esse jeito de ser.
Subi a colina do Horto a pé, como muitos romeiros fazem, visitei museus, comprei livros, ouvi histórias, contei histórias de amor. Agora já conheço um pouco da região para poder escrever sobre, experimentar. E a boa nova é que voltarei em março. Faremos uma feira de poesia no Crato, produção conjunta com o hostel Kariri, o primeiro da região a entronizar o conceito de ocupação compartilhada do espaço e também com o Coletivo Camaradas, que divulgo aqui, embora tenha feito apenas um contato inicial via redes sociais, mas Felipe Diniz, do Hostel Kariri fará as vezes de coordenador dessa proposta.
Carlos Barros, meu parceiro em Duplo Sentido, confirmou presença com o Buffet de Poesia em nosso evento de março de 2018. Clovis Matos, que veio de Cuiabá trazendo o projeto Inclusão Literária, para a Bienal do Livro de Recife, também está disposto a vir. Junior Baladeira, de Ouricuri e David Henrique, de Belo Jardim também já confirmaram. Este atua como poeta/ator, músico e editor. Integra o grupo Virgulados, do agreste pernambucano.
A ideia é envolver grupos locais também, e para isso contamos com o apoio e a presença firme de atuadores das letras na cidade. Como disse, foi pelos postes que conheci o Coletivo Camaradas, de quem Junior Baladeira me deu os contatos: Ricardo Alves e Alexandre Lucas. Já estou achando que vai bombar. Arte de rua, poesia alternativa, música de qualidade. Para sobreviver no cenário fora do eixo é preciso qualidade, foi se o tempo em que o alternativo era sinônimo de improviso.
É sempre um prazer enorme voltar ao nordeste. Mas voltar para casa também é muito gratificante. Minha avó materna, de quem adquiri o hábito de contar histórias, sempre dizia em sua simplicidade dos tempos de antanho: “quem não vai, não vem”. Vou para poder voltar. Em 27 de dezembro aporto em Petrolina para novo passeio, e em março do vindouro ano a gente volta ao Cariri para romper as barreiras do silêncio e fazer muito barulho: põe sai nisso!!
*Luiz Renato é poeta, ator, professor e escritor.
Saudades do Acochan Dumbrau e Andanças…Parabéns Professor da Poesia !!