as minúcias do ambiente
restrito
quase enclausurado. os olhos preguiçosos buscam se surpreender. revisitam a paisagem que se repete já há mais de um ano
a mesa na sala
as toalhas que se revezam (poucas) e mudam a perspectiva. uma delas com motivos que lembram azulejos portugueses. branca e azues.
as garrafas vazias, os restos de pão em farelos a rua em silêncio agudo. a sanidade pendurada pelo fio tênue da vida em retiro
brutal
força que não detemos, não temos defesas
as paredes se derretem numa profusão de imagens dalinianas.
o ambiente inerte. nem vento varre o poema que se equilibra numa folha solta sobre a mesa. este lugar se repete diariamente e fico a contar moscas que arriscam pousar na borda do copo.
um fio de teia de aranha se desenha contra a luz. imagino aranhas invadindo a sala por todos os cantos. não sinto repulsa. só indiferença. lerdamente.
mudamos a todo instante mesmo no ambiente que parece que se repete. de repente, abruptamente, uma música explode pelos ares. vem da vizinhança. uma banda ensaia o sonho dos próximos encontros. o show rolando no quintal repleto de almas desprendidas
dançam ao sabor da passagem dos séculos
a TV Pulp Fiction. Travolta se repete. se repete.
já assistimos mais de 500 filmes nesse ano e poucos meses.
a vida rolando em pixels. tudo live. presenças mortas.
ausências ecoam pelos labirintos como fantasmas leves e esvoaçantes. desenho animado. banda desenhada. quadrinhos…