É noite? É dia?

Não se sabe

12: de sábado

Sentado na garagem de frente para o lado de fora

Saboreio a cerveja num gole & outros: dá-lhe!

Um senhor passa de cara enrugada e pose de corcunda

-Solitário

Ele diz.

– éeeee

-o solitário e uma Heineken

A cerveja desce

Na manhã macia

Entre crônicas di Anna e Cro

nos palpitando sob o relógio coração

Pigarreio

Tomo uma dose de conhaque

Ela bate a porta do pequeno guarda-louças

O arroz fumegando na panela

Cheiro gostoso de manhãs de mãe nas panelas

Comida de mãe não tem igual

Os meninos rumorejam

Manhas e manhãs

Maças envenenadas na TV

No desenho animado que passa na tela

Que tempo é esse?

Acho que vou lá fora

Na garagem

De frente pra rua

Acho que vou fumar um cigarro

 

É noite? É dia?

Não se sabe

2º dia

A vida é:

Dois pontos no horizonte

Uma ponte

Entre o sol poente

E a noite iluminada

De muitas estrelas

Sem muitas teorias

Nem astrofísica

Apenas poeticamente

A gente sente

Quando a língua lambe

As labaredas do inferno e trazem

Na ponta

Do abismo

A palavra santa ou profética

Apocalíptica

Um mergulho nas profundezas

Para te dizer

Que tudo será como antes

Navegantes

Um tridente

Um Netuno insaciável

A revoltear mares e oceanos

Em busca de traçar obstáculos

Para sua travessia

Hoje é terça-feira

22:59 horas

De mais agonia mais paz mais

Em sintonia com a antecedência do dia próximo que se

Aproxima

Como uma lente de aumento

Diminuto

Meu tom monocórdico de uma música

insiste em não parar de tocar de tocarde t oca r

No terceiro dia

O verbo para

Lento

Stacatto

Triste ou allegro

Sigo

Os percursos

Que se interpõem

No quarto

Fecho as velas

Abandono os ventos

Prossigo em silêncio

Na quinta

-feira o navegante

Iça a vela

Carniça

Sobrevoa corpos

Saboreia

Canibaliza

Verbaliza

A devoração

 

 

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