Busco a palavra adequada

Nem certa, ou errada

é tarefa inútil

Não existe a palavra certa

O que falar de uma cidade que faz 300 anos?

É muito tempo

São muitas pessoas para trás

Muitas agora

Quantas serão no futuro?

Partindo do pressuposto de que

Cada um

É responsável pela cidade

Antes durante e depois

Nossos atos nunca são, nem serão, só para nós

Valem para antepassados e valem mais ainda para

Quem vem depois

Qual nosso legado?

Qual nossa responsabilidade?

Como contribuímos? Como colaboramos?

A cidade é coletiva

A inteligência é

Nosso conhecimento tem mão pés e cabeças todos antes durante e depois

Falar mal do poder público?

Do prefeito? Dos representantes públicos?

É muito pouco

Eles são muito pouco

Nós somos muito mais

Cidade

?

Que vive o instante já

Está

Na ponta do calor

Sim, estamos sujeitos a trovoadas acidentais

Movimento gera energia veloz cidade

Massa impacto

300 significa o quê?

Mais gente mais história mais memória

Mais inteligência força e braços

Afetos

Abraços

Abrace o vizinho da vida

É possível ser afetuoso

Ser parceiro

Que piegas! Hahaha

Que molecagem é essa?

Quantas Cuiabás cabem num só momento

Em cada cabeça cada percepção cada ação cada poesia?

Trezentotrezzentostrezentos

Três vezes

100

100 festas

Cem lugares sem festa

Que nada? Muitas festas estão rolando, como sempre

300 é só um número

Uma convenção

Uma escala de valor criada muitas vezes pouco criativas

Minha maior homenagem pra Cuiabá sintetizei numa frase:

Escolhi Cuiabá para morrer!

Chão de índio chão de ouro chão de peixe

Chão de rio rio errio erri erro erro

Não, não vamos nos iludir

Uma cidade é feita também de seus homicidas

Dos assassinos, ladrões, estupradores, criminosos de toda laia,

De terno de militar d estudante de médico engenheiro advogado

Toda roupa cabe num criminoso

Uma cidade é feita de toda gente de todo gesto de toda força e forma

De violência benevolência ciência e até de impaciência

É preciso parar de criar uma imagem neutra e perfeita, bela com suas ruelas coloniais

A cidade é da periferia, dos centros, das bordas e beiradas morros asfalto chão batido

A cidade é da batida policial, da cadeia dos abandonados

Engenheiros civis elétricos nucleares físicos e químicos

Poetas loucos taquaras e marias no mesmo rebuliço

No mesmo rebojo do rio

Dos inadequados pirados soldados tantos dados e tantas equações

Jogos e jogatinas sandálias jogatinas arre!

É filha do bem e do mal do afeto e da maldade da violência e dos pacificadores

A cidade é assim

Cuiabá

Que fazemos e desfazemos

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