O Cidadão Cultura continua sua política de estabelecer uma rede de colaboradores pelo Brasil. Agora é a vez de Demétrio Panarotto lá de Santa Catarina. Escritor, poeta, compositor, doutor em Literatura, o cara é uma máquina de criatividade e é um viciado em trabalho. Escreve muito, compõe bastante, estuda pra caramba.
Conheci-o quando juntos trabalhamos no site Overmundo. Entramos no mapa do Brasil da cultura sob a curadoria de Hermano Vianna que tinha os olhos voltados para quem estava produzindo no país. Selecionados pelos cavaleiros do novo mundo 2.0 que emergia na condição de vanguarda digital o site reuniu um articulador em cada estado brasileiro. Demétrio articulava Santa Catarina, eu, aqui em Mato Grosso. Nas primeiras reuniões no Rio de Janeiro já nos demos bem, parecíamos amigos de longa data tamanha a cumplicidade e amizade.
Foi ali que fiquei sabendo dos trabalhos que o Demétrio empreendia lá pela região sul do Brasil. A banda Repolho, por exemplo, era fruto da criação dele e de seu irmão Roberto Panarotto. Destacavam-se com um trabalho ruidoso, de humor cáustico e exagerado, quase trash, inventivo e extremamente indócil. O projeto “2Violão e 1Balde” começou em 2001, quando fizeram seu primeiro registro fonográfico; produzido por Marcelo Birck foi lançado em 2004. Continuando com a Banda Repolho, com a qual gravaram várias demos, singles, quatro CDs e um compacto, eles fizeram vários shows na região sul e o disco contabilizou críticas em revistas e jornais de nomes de peso do cenário musical nacional – entre eles, Hermano Vianna, Kassin, Fernando Rosa (SenhorF), Carlos Eduardo Miranda, Alexandre Matias (Trabalho Sujo), Marcelo Camelo, Tom Zé, e vários outros.
“Geralmente não gosto de música engraçada. É igual piada, não funciona na segunda audição. Daí o meu espanto de já ter escutado este 2Violão e 1Balde várias vezes, compulsivamente, e ter chegado, sem mais nem menos, à conclusão seriíssima que é um dos melhores discos da história do pop nacional. Diretamente de Chapecó, oeste profundo de Santa Catarina, os Irmãos Panarotto desconstroem o punk, o iêiêiê, o funk carioca, o folclore gauchesco, tudo sob o comando da produção pós-eletroacústica do meu ídolo Marcelo Birck. O resultado: iluminação estética e eternas gargalhadas.” (Hermano Vianna, Revista Trip, abril de 2004)
Os caras escracham pra valer, com singular maestria. Sua imagem me fazia lembrar dos personagens gauleses, Asterix e Obelix. Figura grande, longos cabelos quase sempre amarrados, bonachão e sério ao mesmo tempo.
De lá para cá, Demétrio e eu mantivemos contatos intermitentes, mas sem nunca perder de vista, como a maioria dos “compas” da época. Ficou a amizade e a admiração. Ficamos trocando algumas figurinhas nesses tempos entre as coisas novas que fazíamos. Links, livros, músicas, notícias, lançamentos etc tudo era motivo para manter vivo o contato.