Seu trabalho, eu diria inquietante, me chamou a atenção também pela estética minimalista e conceitual, atemporal, pela inclusão e diversidade, e, um jeito bem individual como retrata o encontro comercial com o artístico, gerando uma variedade de gêneros que captura significados sociais e políticos. Gostei do que vi e senti.
Evelyn Bencicova nascida em Bratislava, Slovakia, em 1992, estudou Artes Plásticas e Novas Mídias na Universidade de Artes Aplicadas de Viena. Especializada em Fotografia e Direção de Arte, seu trabalho nos mostra o seu interesse na cultura contemporânea para criar uma estética única onde o conceitual encontra o visual. Suas imagens criticam a realidade robotizada e os mecanismos repressivos em que vivemos, questionando a autonomia humana, a liberdade de expressão e a solidão.
Para comemorar o 106º aniversário do balé de Stravinsky “The Rite of Spring” (O Rito da Primavera) de 1913, fotografou os dançarinos com Síndrome de Down do coletivo “Culture Device” (grupo de artistas, dançarinos e performers), que realizaram uma reinterpretação de uma das performances mais controversas da história do balé, no filme dirigido por Adam Csoka Keller para o NOWNESS.
Diz Sarah Gord, a personagem principal de The Rite: “sim, tenho Síndrome de Down, mas isso não é tudo o que sou.”
Em relação aos espectadores Evelyn Bencicova diz: “estamos cientes de que O Rito da Primavera não é um balé fácil e nosso filme captura a habilidade do alcance emocional que os dançarinos apresentaram durante a performance. Através das fotografias, observei simultaneamente fluxos de coragem e momentos de dúvida, trechos de alegria e o peso momentâneo que a preocupação traz. Eu queria exibir um amplo espectro de beleza em toda a sua complexidade. Esperamos mostrar essas qualidades complicadas e ajudar a desafiar preconceitos e mudar atitudes em relação a artistas (e pessoas) com deficiências visíveis e invisíveis.”
Evelyn Bencicova foi uma das fotógrafas selecionadas para apresentar seus retratos na 4º edição do Festival Photo Vogue que visa criar um espaço de diálogo e interação entre os diferentes gêneros fotográficos. Essa exposição intitulada “A Glitch in the Sistem, desconstructing stereotypes” (Uma falha no sistema, desconstruindo estereótipos), acontece de 14 a 17 de novembro de 2019 em Milão, com curadoria de Alessia Glaviano e Francesca Marani. Foram selecionados por um júri internacional os trabalhos de 30 fotógrafxs com o objetivo de ampliar a capacidade dos espectadores de pensar, tanto linguística quanto visualmente, promovendo a diversidade dos assuntos e também para refletir sobre a maneira como escolhemos representar a “falha”. Essa é a suposta anomalia percebida dentro do sistema – para evitar clichês perpetrantes e reforçar uma visão ideológica resultante da ignorância e do lapso do julgamento.