Raul Fortes
José Ramos Tinhorão, de forma quase profética, nomeou uma de suas obras com o título “O Samba agora vai”. E ele foi… Desceu dos morros e virou marca registrada de um povo que, mesmo diante das adversidades, faz rimas e canta para espantar seus males e mitigar as asperezas da vida. Afinal, como dizia Donga: “… Deixa as mágoas para trás, oh rapaz…”.
E foi assim que, contratado para divertir a nobreza quando se cansavam de ouvir modas ao som do cravo, entrava com sua viola. O resultado de suas intervenções de modinhas, lundus e maxixes fez com que os europeus se voltassem para essa criação popular. O que se viu depois com a célebre obra de Donga, “Pelo telefone”, foi realmente a conquista cada vez mais acelerada do gosto popular pelo samba. Dos morros do Rio de Janeiro até as terras Paiaguá, a junção do violão, do pandeiro, do cavaquinho e demais instrumentos populares fez florescer na sociedade brasileira o gosto pelo ritmo que contagia a todos.
Por aqui, na calorosa Cuiabá, nosso povo sambista celebra por longos anos essa linguagem musical fantástica. Como exemplo citamos Marinho 7 Cordas e seu saudoso “Choros e Serestas”, que acolheu e escreveu a história do Samba por décadas. Sem falar do Beleza Pura, com Marcelo do Beleza, mestre Munir, Xuxo e companhia, que marcaram época nos blocos carnavalescos.
Hoje o samba continua forte na cultura mato-grossense. Nomes como Juliane Grisólia, Zeh Gustavo e os meus companheiros do “O samba, a Bossa e as Novas” (Raoni Ricci, Larissa Padilha, Marcelinho Fernandes e Rodrigo Mendes) movimentam a cena do samba.
Na data em que se comemora o Dia nacional do Samba quero exaltar essa linguagem musical brasileira que tem a alegria como uma de suas marcas. Quem frequenta sabe que roda de samba é lugar de riso solto, paz e leveza. Vida longa ao samba, a tudo de bom que ele fomenta e toda alegria que espalha.
De uma forma nem tanto exagerada ouso terminar dizendo que: se não houvesse viola, cavaquinho e pandeiro, talvez o mundo não teria o colorido, a altivez e a alegria de um povo: o brasileiro. Salve o SAMBA!
Raul Fortes é radialista, músico, apresentador de TV, pesquisador, cronista, produtor cultural e faz mais um montão de coisas.