Por Sika*
Há tanto que desejo dividir o pouco que sei com as pessoas.
Minhas viagens pelo mundo e submundo, as anedotas de mesas de bar, aquele disco novo de décadas atrás, minhas vontades esquizofrênicas de lascar foda-se a tudo e, claro, minhas paixões intensas de uma noite só.
Tudo reunido resumidamente nestas linhas parceladas, que me abre um espaço na cabeça.
E para começar, queria discutir um pouco com vocês sobre o grande enigma:
o destino.
Ele existe? Ou é só uma lorota que as cartomantes inventaram?
Dia desses um amigo repórter me parou no meio da rua e me perguntou sobre isso. Com uma câmera mirada em mim, fiquei pensativa, buscando lá no fundo tenebroso desta caixola, palavras para explicar aquilo.
Sem muita demora e com argumentos confusos, disse que acreditava, mas que nós o fazemos.
Ok.
Então criamos um caminho para que algo, possivelmente, fatídico aconteça na nossa vida? Tipo um avião que cai e mata, não só as pessoas, mas qualquer esperança que carregava dentro dele? Enfim…
Será que a nossa vida já está traçada em algum livro, o qual carregamos nas costas, pronto para nos crucificar caso houver algum deslize?
Numa manhã dessas, vi uma entrevista muito interessante com o escultor pernambucano, Francisco Brennand, no qual o artista foi indagado sobre o destino. E ele disse estas palavras:
“Como jovem leitor de Dotoievisk, eu acreditava em destino. Hoje acredito que somos meras estatísticas, prontos para sermos devorados por uma sociedade dispersa e preguiçosa”.
Na hora, joguei minha opinião fajuta de lado e concordei com ele. Tanto senso comum rodando a nossa cabeça, como moscas de bar. Há de se afirmar que a tendência é estarmos na boca da fera para sermos triturados.
Mas depois de muito pensar: no país, no meu Estado, nas ruas da minha cidade, ou no meu sofá afundado, me resta deixar as lamentações de lado e tentar enxergar as coisas por um outro ângulo.
Como o velho e saudoso ‘Mandiba’, Nelson Mandela, disse depois de muita luta, em busca do fim do Apartheid na África do Sul:
‘Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão de minha alma’.
E é assim que quero seguir, nesse mar alto e tempestuoso que é a vida.
*Sika é jornalista de formação e artista plástica de corpo e alma. Percebeu recentemente que precisa aproveitar mais os 'insights' da vida e cair de cabeça neles.
que texto delicioso Sika!!! destino é que nem tempo se deixar ele te engole…
só pra num deixar passar, se diz Madiba não Mandiba, aqui tem o significado : http://www.lux.iol.pt/internacional/madiba/nelson-mandela-tinha-seis-nomes-saiba-o-seu-significado