Eu procuro uma palavra para traduzir aquela noite, ou um conjunto de palavras pelo qual eu possa reviver as sensações que envolveram o centro da Praça da Mandioca no dia 7 de abril, sexta-feira. Eis que a palavra entusiasta para descrever todos os animadores que fazem o Cidadão Cultura acontecer brilha em minha mente inquieta. Mas o que seria o entusiasmo? Me deparo com algumas destas definições no oráculo Google:
  1. p.ext. estado de exaltação da alma que vivencia o poeta ou o artista, arrebatado pela inspiração.
  2. p.ext. força natural ou mística que impele a criar ou a agir com ardor e satisfação.
  3. movimento violento e profundo da sensibilidade que leva ao amor ou à admiração apaixonada, às vezes excessiva ou paroxística, por alguém ou algo; arrebatamento.
  4. dedicação fervorosa; ardor, paixão.
    “o e. por uma causa, por um trabalho”
  5. alegria intensa, viva; júbilo.
Foto Ahmad Jarrah - A Lente
Foto Ahmad Jarrah – A Lente

Este estado de exaltação ao artista, ao poeta foi a grande celebração do nosso primeiro ano de existência. E esse caminho só foi possível graças aos nossos colaboradores e ao time da linha de frente: Eduardo, Carol, Chabô, João, Marcelo, e eu. Mas são os entusiastas que oxigenam, diversificam e nos injetam vida e ânimo. Foi assim já na hora de montar a programação pro Sarau do Cidadão + Sarau das Artes Free. Muitos parceiros toparam participar com a gente.

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Foto Marianna Marimon

Chego à noite e a praça está iluminada, o palco no centro daquele espaço pequeno que transborda pessoas para as ruas. Ainda era calmaria, 19h da noite. A instalação de Anna Marimon abre o caminho para um varal de poesias escritas à mão. Do outro lado do palco os desenhos expostos de Alexandre Santana. As caricaturas de Luis Segadas colorem a noite. Mais tarde artes visuais com pintura ao vivo dos artistas Sika, Jean Siqueira e Eliz Haddad. Uma mesa dispõe os objetos que serão leiloados. Adriana Milano doou uma escultura para colaborar com a campanha #ForçaSandrão e Rai Reis uma tela. O livro Obscuro Shii do Wudson também estava na mesa. Alguns desses objetos não chegaram a ser leiloados, mas ainda o faremos. O que dizer sobre Geraldi, o Leiloeiro? O anfitrião desta festa louca? Com sua cartola, os aros dos óculos, o paletó rabiscado com palavras, o jeito de falar, enfim, parece que chegou ao nível de maestria.

Enquanto Caio Mattoso tocava suas canções acompanhado por André Balbino, Igor Carvalho e Juliane Grisólia, Millena Machado fazia a sua performance “Da lama nasce a flor de lótus”. Foi chocante. Primeiro que parecia a trilha sonora exata para aquele momento. Ela vestida de escafandrista está amarrada por correntes, dentro de uma piscina de lama, então liberta-se, metade mulher, metade sereia. Olhos escuros, cabelos coloridos, seu corpo se movimenta, ela se debate, a água se rompe da piscina e tudo se esvai.

Foto Ahmad Jarrah - A Lente
Foto Ahmad Jarrah – A Lente

Depois, outra performance incrível: “Espectroide” de Douglas Peron, Caio Ribeiro e Alexsander Reis. As pessoas ficam em volta observando e houve uma troca muito especial, a Maria Lua, filha do José Medeiros ajudou os meninos a colocarem as ataduras em seus rostos. Os cliques foram registrados por Ahmad Jarrah em uma parceria com o site de fotografia documental “A Lente” (vale a pena clicar aí e conhecer as histórias narradas com olhares únicos, um portal que reúne alguns dos melhores fotógrafos de Mato Grosso).

Foto Ahmad Jarrah - A Lente
Foto Ahmad Jarrah – A Lente
Foto Ahmad Jarrah - A Lente
Foto Ahmad Jarrah – A Lente

Na música contamos com mulheres maravilhosas: Laura Paschoalick e Karola Nunes que fizeram todo mundo dançar com a potência de suas vozes e instrumentos. A energia fazia todos vibrarem. Era impossível ficar parado. Os rostos se iluminavam de alegria. Os meninos dos Desheróis também marcaram presença no palco com mais música autoral. Na discotecagem Taba e Chabox se revezavam para que o som não parasse.

Foto Ahmad Jarrah - A Lente
Foto Ahmad Jarrah – A Lente

Teve a galera do Slam Poetry do Capim Xeroso. Mandaram muito como sempre as rappers Pacha Ana e Azul. A poesia dominando todos os espaços. As pessoas querem arte, querem cultura, celebração. Foi gostoso ver que conseguimos proporcionar um encontro com tanta gente bacana e ouvir “Vida longa ao Cidadão Cultura”. Vida longa a essa troca poderosa que a arte permite.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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