2019 se inicia com um horizonte bastante promissor para o campo das artes, da criatividade, da motivação estética, contrapontos aos ares totalitários que invadem nosso cotidiano. Fruto das leituras no ano passado, resolvi criar um clube de leitura a fim de discutir obras significativas do momento, em meu ambiente profissional (IFMT), como também no convívio mais amplo com a comunidade cuiabana.

Como atividade do Projeto de Pesquisa “Ser Mulher: A escrita do Feminino”, o Grupo de Estudos e Ensino em Língua e Literatura (GEELLI- IFMT) traz a público essa proposta que visa ampliar o universo de expectativas do leitor com obras de relevada importância para o cenário literário nacional. Junto à professora e poeta Marli Walker, vice-líder do Grupo, proponho reunir-me mensalmente para debater a obra de uma autora nacional.

Serão ao todo dez livros, sendo oito romances e dois livros de contos; os encontros acontecerão a partir do mês de março, cuja abertura contará com a presença da escritora mineira radicada em São Paulo Gisele Mirabai, no dia sete. Ganhadora do prêmio Kindle, que viabilizou a publicação, “Machamba” é uma obra que vem ganhando espaço no meio literário, potencializada pela indicação ao Jabuti no ano passado. Gisele fará a aula inaugural de um curso de Escrita Criativa e estará com os alunos do IFMT discutindo a sua obra.

Além de “Machamba”, os demais livros selecionados são “Eu me possuo”, de Stela Florence (romance) – abril; “Com armas sonolentas”, de Carola Saavedra (romance) – maio “Desesterro”, de Sheyla Smanioto (romance) – junho; “O peso do pássaro morto”, de Aline Bei (romance) – julho; “Lua em libra”, de Silvana Schultze (romance) – agosto; “A face serena”, de Maria Valéria Rezende (contos) – setembro; “Insubmissas lágrimas de mulheres”, de Conceição Evaristo (contos) – outubro; “O crime do cais do Valongo”, de Eliana Alves Cruz (romance), novembro e “Enterre seus mortos”, de Ana Paula Maia (romance), dezembro. É possível que algumas dessas datas sejam trocadas, principalmente a de novembro, em virtude da agenda de Eliana Alves Cruz que ainda não está confirmada.

Cada uma dessas obras já foi objeto de escrita em forma de crônica, publicada ao longo de 2018 aqui no www.cidadaocultura.com.br. O projeto prevê ainda a vinda de Silvana Schultze, autora de “Lua em Libra”, da editora Patuá e Eliana Alves Cruz, de “Água de Barrela” e “O Crime do Cais do Valongo”, jornalista e escritora carioca, representante do Conselho Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Eliana publica pela Editora Malê, do Rio de Janeiro.

Junto ao Clube de Leitura também funcionará outra atividade ligada aos livros. Trata-se do Troca Troca de Livros, que tem por função despertar a necessidade de maior interação com leitores. Normalmente quando fazemos esse tipo de atividade, o que acontece é que a pessoa traz livros que não quer mais e busca levar algum de boa qualidade. Até aí, tudo bem. Mas quando se recebe mais livros sem condições de manuseio, ou da baixa qualidade, o que acontece é que se acumulam obras de qualidade duvidosa, ou em péssimas condições, gerando um passivo livresco que traz problemas para o projeto.

Faremos um trabalho de conscientização, ao longo dos três primeiros meses, fomentando a necessidade de trocas de obras com relevante valor literário, cultural, independente de gênero, ou qualquer outra classificação. O importante é que as obras girem, encontrem mais leitores e que se criem mais espaços de troca de conhecimento, informação, e entretenimento de qualidade.

Sabemos que 2019 será um ano difícil. Para o campo artístico, então, nem se fale. O mercado livreiro se ressente da quebradeira de grandes livrarias que levaram à bancarrota inúmeras editoras, afetando consequentemente toda a cadeia produtiva do livro. Por outro lado, em momentos de crise surgem oportunidades. Pequenas editoras têm ganhado prêmios, o e-comerce ganha espaço a todo vapor e algumas plataformas on line vendem livros a bons preços, o que ajuda o reestabelecimento do setor.

Bem vindos ao ano novo que agora começa. Pois o período de festas chega ao fim. Pelo menos para mim, que há muito tempo não curto mais o carnaval. Minha folia gira em torno da leitura e escrita: minha sina!

 

 

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Ao completar vinte anos da publicação de meu primeiro romance, fecho a trilogia prometida com este volume. Penso que esse tempo foi uma graduação na arte de escrever narrativas mais espaçadas, a que se atribui o nome de romance. Matrinchã do Teles Pires (1998), Flor do Ingá (2014) e Chibiu (2018) fecham esse compromisso. Está em meus planos a escritura de um livro de ensaios em que me debruço sobre a obra de Ana Miranda, de Letícia Wierchowski e Tabajara Ruas; o foco neste trabalho é a produção literária e suas relações com a historiografia oficial. Isso vai levar algum tempo, ou seja, no mínimo uns três ou quatro anos. Vamos fechar então com 2022, antes disso seria improvável. Acabo de lançar Gênero, Número, Graal (poemas), contemplado no II Prêmio Mato Grosso de Literatura.

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