Como é bom perceber a sinceridade das pessoas quando se propõe a fazer algo mais pela cidade ao invés de ficar reclamando. A cidade é uma construção nossa, dos habitantes dela. Somos construtores. Às vezes é necessário desconstruir também.
Honesto, despretensioso, constante, de olhar atento ao que acontece na cena musical e artística, com visão simples e gestos simples, o André Coruja, chegou chegando e já adotou Cuiabá. Tá fazendo acontecer nas quintas-feiras o projeto de encontro musical e humano, com o Cantautores. Como ele mesmo diz, um termo recorrente em terras de Espanha. Define o projeto já no bi-nome, cantor e autor na ribalta. Funciona assim: dois artistas convidados, músicos, compositores, artistas empenhados em mostrar suas criações, um contato direto entre o autor e o público.
Sempre se discutiu a condição miserável do autor, sua solidão e invisibilidade. Os espetáculos na sociedade são feitos para valorizar a imagem, com a mediação do intérprete, do cantor, da presença mítica do encantador de serpentes. O autor vive na gaveta. Nas prateleiras da história reduzido a sílabas e palavras-chave, letras de busca. A cria escapa do criador e adentra os palcos do mundo com outras faces e vozes.
Mas existe um lugar para viver essa potência. Vida longa ao Cantautores, a energia é boa, propiciatória de novos e velhos encontros. É bacana aproveitar essas oportunidades para sonhar um sonho novo capaz de prenunciar novas possibilidades, novas perspectivas pelo que valha a pena lutar.
É legal a presença do André em Cuiabá, representa uma nova força agregadora. Ele se diz fascinado pela qualidade artística da cidade e da receptividade com que está sendo acolhido. Sente-se em casa e quer participar da história do lugar. Somar, contribuir, distribuir sua energia criativa para a produção cultural da cidade que, é bom lembrar, é um processo dinâmico, vivo, e em constante mutação.
Essa sequência de movimentos orgânicos que se sucedem em Cuiabá há mais de 30 anos reforça a percepção de uma tendência cosmopolita da capital que vai completar 300 anos. Apesar da apatia do poder público municipal as coisas acontecem de forma orgânica. As pessoas é que fazem acontecer. Não dá para esperar, muito menos ficar com mimimi.
Coruja trouxe uma boa bagagem de vida e experiência para Cuiabá. Senti uma honestidade muito grande na sua exposição sobre o projeto. Tem emoção e muita racionalidade isso de provocar movimentos nos espaços vivos da cidade e sendo um construtor dessa história toda. Somos potência dos impulsos do jogo desejante da vida. Somos fragmentos soltos buscando conexões com outros pontos. Vítimas do átomo. Avante! Este é o século das conexões.
Lindo, meus queridos!
Cidadão Cultura sempre agregando olhares construtivos. Que reverbere longamente a potência do projeto Cantautores!
Gratidão, Cidadão! 💙